29 de dez. de 2009

Os bidus do futebol

Adoro reportagens sobre previsões. Elas são um dos maiores casos de vergonha alheia que conheço: o cara/mulher vai lá, todo cheio de pompa, autointitulado "guru" por alguma entidade desconhecida, e professa: tal coisa vai acontecer. Pena que a imprensa não explora melhor o depois. Algum jornalista poderia, por exemplo, fazer uma grande reportagem com várias previsões e depois com os acertos e erros (provavelmente apenas erros). Mas divago. O que eu queria dizer aqui é que o site do Globo Esporte fez um exercício de previsão com quatro de seus piores comentaristas (que eles chamaram de "especialistas", o que eu chamo de piada pronta): André Rizek, Bob Faria, Lédio Carmona e o nosso representante gaúcho, Maurício Saraiva. Pegaram os quatro, a cinco rodadas do fim do Campeonato Brasileiro, e os fizeram usar aquele simulador que tem no site. O resultado? Três times foram apontados como campeões, nenhum deles o Flamengo; o Inter só apareceu na Libertadores para um deles, e mesmo assim na vaga da Pré-Libertadores; e o Fluminense caiu para três dos "especialistas". Confira todos os resultados, com as devidas opiniões embasadas em nada, aqui.

30 de nov. de 2009

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Aqueles que reclamam do calor porto-alegrense, não se preocupem: até o próximo domingo, voltaremos às temperaturas invernais, com neve desabando do céu e ursos polares brincando na redenção. Porque esta semana, se alguém fizer a famosa pergunta "pra que time tu torce?" nas ruas de Porto Alegre, ouvirá uma das respostas a seguir:

- Torcerei contra o Grêmio na próxima rodada. Logo, sou gremista.

- Torcerei pelo Grêmio na próxima rodada. Logo, sou colorado.

Sabem aquela expressão "virar o mundo do avesso"? Pois é. O futebol conseguiu torná-la verdade.

16 de nov. de 2009

O gatilho mais rápido do terceiro mundo

Essa história é antiga. Começa em um saloon não muito bem conhecido, mas bem frequentado. Um lugar para negócios escusos, onde as mesas estão sempre cheias de drinques e apostas, as mulheres amam o dinheiro e os homens tentam comprar apenas o que não podem ter. Ele fica na periferia de uma grande cidade, longe das delegacias e perto de rotas de fuga. Bem cuidado, mantém-se satisfatoriamente limpo e organizado. O dono, um ex-presidiário com uma cicatriz feia no rosto, sabe que para lidar com negócios sujos é preciso manter as aparências limpas.

Estranhos de terras distantes são bem recebidos, desde que tenham os bolsos abastados. Através de boatos, a fama que o saloon tem de atrair homens com todo tipo de informação, algumas confidenciais, alastrou-se Oeste afora. Oficialmente, vendem-se apenas bebidas ali. Mas, todos sabem, as conversas de bar giram em torno de assuntos que sequer deviam ser de domínio público. Especialmente daquele público.

Provavelmente foi isso que levou aquele grupo de magnatas ingleses à cidade. O tipo de praga que a corrida do ouro atrai, com suas promessas de riquezas infinitas. Não demorou muito para chegarem ao saloon e, após pagar algumas rodadas, já tiveram a curiosidade aguçada: um velho morador, com mais gosto por uísque do que por honestidade, começou a trovar sobre uma clássica história de tesouro escondido. Os bretões não perderam tempo e reuniram-se à mesa, ouvindo, anotando, reunindo indicações para um futuro literalmente brilhante.

"Fica em território indígena", rosnou um forasteiro quando o silêncio conseguiu um suspiro. Todos se voltaram pra ele. Chapéu cobrindo o rosto quase por completo. Roupas baratas. Aparência frágil. Longe de ser uma ameaça. Os ingleses se reuniram em volta dele. "Então acho que precisaremos ter uma conversinha com os índios, não é mesmo?". O copo à frente do forasteiro foi alvejado por uma bala, e gargalhadas ecoaram pelo saloon. Ele limitou-se a repetir a frase e saiu, sendo atingido por impropérios e ameaças. Lá dentro, a diversão foi intensa a noite toda.

No dia seguinte, os ingleses pegaram suas bagagens, suas conduções e saíram pra enfrentar a acidentada planície. Nem o sol escaldante aplacava a confiança deles. Bufões, arruaceiros, gritavam e celebravam cada pedaço percorrido, fazendo-se notar a quilômetros de distância. Com um arsenal composto dos melhores Colts e munição de sobra, acreditavam serem imbatíveis. De fato, os viajantes evitavam contrariar os bretões. Embora claramente com excesso de confiança, ainda possuíam armamento e conhecimento suficiente para assustar qualquer pessoa remotamente sã.

Por isso um deles mal viu a lança que raspou seu rosto e arrancou um naco da soberba que eles traziam. Rapidamente os ingleses desmontaram e organizaram-se em uma formação sólida, cobrindo todos os lados de onde poderiam ser atacados. Do outro lado, desorganizados, quase amadores, um grupo de índios tentava expulsar os invasores de suas terras sagradas. Não demorou muito até a disciplina britânica sobrepujar a força de vontade indígena. Após passar a vantagem do ataque surpresa, os peles-vermelha se encontravam agora acuados contra o rio onde banhavam seus filhos todos os dias. Algumas trincheiras naturais, resultados do terreno acidentado, algumas árvores e algumas rochas grandes eram tudo que protegiam os índios dos beijos salgados das balas. Os ingleses mantinham-se dentro de sua estrutura, firmes, e seus adversários não conseguiam encontrar nenhuma saída para superá-los. O que tinham em vontade, padeciam em criatividade.

Foi quando ele surgiu. O forasteiro do saloon. Antes que a caravana inglesa pudesse perceber, ele sacou duas armas e correu na direção deles. A rapidez e a agilidade do forasteiro impressionaram seus adversários, mas não foi apenas isso. Ele pisou nos lugares certos, percorreu os caminhos certos, deu exatamente o número de tiros necessários. Infiltrou-se no meio da caravana, movendo-se como um fantasma por entre os atiradores. Daquela figura solitária e frágil, surgiu um matador. Foi quando a disputa virou de lado. Pois o tal forasteiro estava sempre seis passos à frente dos bretões. E antes que pudesse realmente chegar a seu ápice, a batalha estava liquidada.

Rumores sobre aquela misteriosa figura que sempre vinha em socorro dos índios floresceram por toda parte. Alguns diziam que ele era como o vento, e vivia entre instantes de segundos. Outros, que era um pássaro veloz e zeloso protegendo seu território. Mas a descrença era forte, e os próprios índios acabaram por venerar mais alguns deuses ausentes do que seu verdadeiro salvador.

Atravessando as áridas planícies do Oeste, atrás dos meus próprios destinos, cruzei com um forasteiro misterioso. Seu chapéu cobria o rosto quase por completo. Suas roupas eram sujas e gastas. Tinha a aparência de um garoto frágil, como se nunca tivesse provado o gosto de uma mulher. Quando contei a ele sobre essas lendas, apenas riu. Um sorriso fácil, amistoso, como se viesse de um menino. Mas não foi uma risada de descrença, ou de ironia. Foi aquela risada de quem conhece a verdade e se espanta com os desdobramentos que ela pode ter.

Seu nome, ele me disse à época, era Nilmar.

11 de nov. de 2009

Inacreditável

Acabei de assistir Palmeiras 2 x 2 Sport. Grande jogo, com o time pernambucano abrindo 2 a 0 logo nos 16 primeiros minutos, resultado que ainda não atirava de vez a equipe para a segunda divisão. Aí o Palmeiras foi pra cima com coração, garra, raça e todos esses adjetivos que supostamente são exclusividade de um certo time gaúcho (não sei por que eles não registraram esses substantivos ainda) e conseguiram diminuir o marcador, na metade do segundo tempo. Logo depois, um jogador do Sport foi expulso em uma jogada em que levou o segundo cartão amarelo.

O lance da expulsão foi, a meu ver, meio controverso, mas dá para alegar que é um desses lances que uma pessoa daria o amarelo (e por consequência expulsaria), mas a outra não. Só sei que eu não daria.

Porém, aos 39 do segundo tempo, após um cruzamento na área, a bola é rebatida para a intermediária e rapidamente volta quase para a linha da pequena área, onde Danilo, em posição que no momento era duvidosa, a mata no peito e a chuta para o gol. Nesse meio tempo, os jogadores do Sport simplesmente PARARAM de jogar, esperando o impedimento. Bola na rede, gol de empate do Palmeiras. A bola passou a menos de um metro do goleiro, em baixa velocidade, e ele não fez nada para tentar defendê-la. Comentei na hora com o meu irmão que esse time tinha que cair mesmo, porque é muito amadorismo parar de jogar em uma jogada duvidosa esperando que o juiz vá apitar algo a seu favor.

O replay aparece e mostra que Danilo estava em posição legal. Volta a transmissão do jogo e os jogadores do Sport estão furiosos com o árbitro, aparentemente sem razão alguma. Um deles recebe um cartão amarelo e o jogo segue.

Aí um repórter de campo avisa que a reclamação dos jogadores do Sport é sobre um suposto apito que o juiz teria dado antes do gol, indicando que havia marcado impedimento contra o Palmeiras. Então, Cléber Machado, o narrador da partida, pergunta aos dois repórteres se eles ouviram alguma coisa, ao que ambos respondem não. Minutos depois, um deles avisa Cléber que um técnico de som (ou algo parecido, não me lembro) da Globo disse ter ouvido claramente o apito do árbitro ANTES do gol. Silêncio na cabine da globo. Uns quinze segundos depois, Caio (comentarista) começa a falar sobre algo que não tinha nada a ver com o assunto. Mais uns dez segundos de silêncio total. Cléber Machado comenta algo sobre o comentário de Caio, dá uma titubeada e para novamente de falar. Então a narração prossegue normalmente.

Fim de jogo. Os jogadores do Sport cercam o árbitro, que antes é cercado por policiais que o protegem. Eles gritam com ele, colocam o dedo em riste, e dá para ler claramente na boca de dois deles algo do tipo "você apitou antes, cara". Aí Cléber Machado fala algo genérico do tipo "olha aí os jogadores do Sport reclamando com o árbitro" e a imagem corta para uma entrevista super interessante com Marcos, o goleiro do Palmeiras. Depois disso, o outro repórter entrevista um zagueiro do Sport, que fala claramente que o juiz havia apitado o impedimento de Danilo (e também reclama da expulsão do seu companheiro). Ninguém comenta nada.

A transmissão vai para o intervalo. Volta e começa aquele microprograma que passa todos os gols da noite. Quando Cléber Machado e Renato Marsiglia, o comentarista de arbitragem da noite, voltam para falar sobre o jogo, mostram o segundo gol do Palmeiras para avaliar se houve alguma irregularidade. Só falam do impedimento, dizendo que não houve (o que é LÓGICO) e que, portanto, não houve falha da arbitragem. Eu, que agora estou ciente da reclamação da equipe do Sport, fico cuidando o árbitro da partida no lance. Por todos os ângulos, dá pra ver claramente que ele leva o apito à boca ANTES do gol, em um provável apito que os senhores que transmitem o futebol na Globo simplesmente ignoraram.

Não estou dizendo que o juiz roubou; minha teoria é que, se ele realmente apitou antes - o que é bem provável, pelos replays -, ele deve ter visto, em seguida, que o Danilo não estava impedido, pensado "que merda, agora já apitei, ah, mas o Beluzzo ameaçou o Simon de dar uma porrada na cara dele quando o encontrasse, ninguém deve ter ouvido o apito, vou dar o gol para poder sair tranquilo do estádio, é o Palmeiras contra o Sport mesmo" e então operado o time pernambucano. O problema não é esse, mas sim da passividade total da equipe da Globo que, covardemente, deixou de comentar esse lance, provavelmente esperando uma repercussão posterior (se houver) ou uma ordem de cima (partindo que quem, de um palmeirense?). Será que se fosse ao contrário, depois de toda a polêmica do jogo Fluminense x Palmeiras, eles ficariam quietos? Será interessante ver como a imprensa esportiva reagirá na quinta-feira sobre o assunto.

Mas é fato que a Globo se acovardou em comentar o acontecido. Logo depois, no Jornal da Globo, várias reportagens sobre o "apagão" de terça-feira, como ele fez mal para o Brasil, como a explicação do governo deve ter sido uma desculpa esfarrapada e como a Dilma deve ter a ver com isso. Mas nada sobre a OPERAÇÃO no Sport. Bem do jeito Globo de fazer jornalismo.

Update:

Segue o vídeo do troço. Escute o apito aos três segundos de vídeo.

8 de nov. de 2009

Xena, a princesa guerreira

O futebol feminino está cada vez mais parecido com o masculino, também no pior sentido. Um exemplo é a violência de algumas jogadoras, espelhadas por homens de bem como Dinho, Sandro Goiano, Erguren e Chuck Norris. Talvez a mais destacada delas seja a norteamericana Elizabeth Lambert, jogadora da Universidade do Novo México, da liga universitária feminina de futebol dos EUA. Ela possui atributos que fariam jogadores como Domingos (ex-Santos) e Willians (Flamengo) babarem de inveja - e não, não estou falando de beleza.

Confiram no vídeo.



Ah, e só pra contar, os norteamericanos consideram o soccer (nosso futebol) coisa de mulherzinha...

28 de out. de 2009

Como motivar uma equipe (ou como fazer jornalismo de merda)

Saiu hoje na Zero Hora on-line uma reportagem com o seguinte título: Paulistas duvidam do Inter. A reportagem saiu horas antes da partida entre São Paulo e Inter, de extrema importância para as duas equipes continuarem sonhando com a Libertadores e o título brasileiro. Pois bem, leia lá a matéria e depois volte aqui para ler o restante.

Já leu? Beleza. Então vamos a algumas questões:

- O título diz "Paulistas duvidam do Inter". Ou seja, aqueles malditos moradores de São Paulo duvidam do melhor time do mundo (porque o Inter é hoje melhor do que o Grêmio, então o Inter é o melhor time do mundo, senão seria o Grêmio). Só que, ao ler a reportagem, tu te depara com o trecho "Dez comentaristas de todo o país, uns mais famosos, outros menos, mas todos representantes de veículos importantes de TV e mídia impressa, foram convidados a dizer quem será o campeão". Peraí, mas não eram os paulistas que duvidavam do Inter? Ah, mas é que talvez só os paulistas tenham descartado o colorado. "Sabe quantos disseram “Inter”? Nenhum". Ou seja, NINGUÉM apostou no Inter para ser campeão brasileiro, e não só os paulistas.

- "Um deles o gaúcho Batista, da RBS TV e TV COM". Opa! Quer dizer que dentre os "comentaristas famosos ou não", está um gaúcho que NÃO colocou o Inter como campeão brasileiro? Por que o título só faz menção aos paulistas então?

- "Então, ninguém mais acredita no Inter. Não era assim no primeiro semestre. O consenso nacional de que no Beira-Rio havia um candidato a campeão com direito a ótimo futebol, acabou." Aqui, nenhuma mínima tentativa de análise do por que dessa descrença aparentemente tão repentina. Nenhuma menção à mais remota possibilidade de a culpa disso ser do próprio Inter, que perdeu a Recopa e a Copa do Brasil, saiu cedo da Sul-Americana e patina no Campeonato Brasileiro, chegando a empatar com o Fluminense.

- "Os jogadores, claro, ficaram sabendo desta descrença toda em relação ao Inter. E pretendem usá-la como mais uma forma de mobilizar energias." Quem vocês acham que contou para os jogadores essa "barbaridade"?

O Inter não é mais o favorito para ganhar o Campeonato Brasileiro há algum tempo, e por culpa dele mesmo. Esse mimimi a respeito da suposta "dúvida" em relação à qualidade da equipe não vem de um preconceito do centro do país, vem dos resultados pífios que a equipe vem colhendo ao longo dos últimos meses e das arrancadas de outros times. Eu, particularmente, não vejo o Inter nem na Libertadores - pela fase que apresenta, até o Cruzeiro é mais candidato. Porém, é óbvio que ele ainda tem chances, tanto de vaga para a Libertadores quanto de vencer o Brasileiro, e elas podem ficar maiores com uma vitória hoje à noite. Porém, é inegável que a qualidade do futebol apresentado pelo colorado vem deixando a desejar há algum tempo.

Assim como a qualidade de reportagens desse tipo aí.

11 de out. de 2009

O excesso de profissionalismo

A partida de hoje entre Brasil e Bolívia foi mais do que um teste de paciência, foi a prova de que a mente humana realmente se interessa por tragédias desalentadoras. Impossível definir a incapacidade criativa do meio de campo canarinho, formado por Josué, Ramires, Daniel Alves e Diego Souza. Era como ver um bando de patos tentando tocar a nona sinfonia do Beethoven de trás pra frente.

Entretanto, o jogo foi quase assistível se comparado à transmissão da Rede Globo. Vamos levar em conta as seguintes informações relevantes: na altitude fica difícil de respirar, na altitude a bola corre mais rápido, o Brasil estava invicto fazia 19 jogos. Agora imagine um aluno fazendo uma prova dissertativa onde ele precisa falar sobre futebol e só possui essas três informações, ou seja, repete e repete e enrola com elas o máximo possível.

Foi isso que Galvão Bueno e cía fizeram hoje. Sempre que o Brasil errava algum lance, a altitude era a culpada e se iniciava o longo discurso de como é desumano jogar em La Paz. Então vinha à tona a questão da invencibilidade e do belo trabalho que Dunga fazia. Logo, sem motivo nenhum, falava-se do gol impedido do Palermo que salvou a Argentina. Depois, mais alguns golpes de marreta na altitude, e começava tudo de novo.

Tudo mais que foi mencionado pelo Galvão ou seus asseclas é digno de figurar como piada no Zorra Total. Prova de que as transmissões televisivas estão piores do que nunca. Não há espaço para nenhuma informalidade, e tudo é número. Quantos gols, quantos quilômetros, quantas partidas invicto, quantos tabus, quanto dinheiro o sujeito ganha, quantos centímetros a mais ou a menos, quantas assistências, quanto isso, quanto aquilo, quanto mais informação desnecessária, melhor. Há uma busca incessante por absolutamente QUALQUER COISA que possa ser dita aos espectadores - aliás, até mesmo os replays por DEZENOVE ângulos diferentes tornam-se cansativos.

Já que as redes de televisão clamam tanto o futebol como arte, está na hora de pararem de tratar o esporte como se fosse ciência exata.

10 de out. de 2009

Sobre futebol

Argentina e Peru acabaram de tirar o pó do esporte. Com chuva abastada, péssimas decisões do juiz e uma boa dose de surrealidade, fizeram valer todas as máximas que tratam o futebol como a mais sagrada das atividades praticadas pelo homem.

O coração dos torcedores, dos verdadeiros torcedores, aqueles que ficam até o final torcendo desesperadamente para que um milagre dê as caras, é constituído por uma paixão de aço. Nada e tudo os abala ao mesmo tempo. O tipo de paradoxo que só pode ser realizado por algo acima das noções mundanas que possuímos.

1 de out. de 2009

Paradinha pra fora

Mostrando que não tem absolutamente nada pra fazer da vida, a FIFA proibiu a famosa "paradinha" na hora do pênalti, que será severamente punida com cartão amarelo a partir de novembro por ser uma agressão brutal, desnecessária e completamente anti-esportiva pra cima do goleiro.

Não que eu ache a paradinha completamente indispensável para o bem-estar do esporte, não é isso. Talvez seja até uma boa mudança. O que me incomoda é a Federação Internacional de Futebol Amador meter cada vez mais seu nariz nas questões do jogo propriamente ditas. Não pode levantar camiseta, não pode driblar em excesso, não pode rezar antes ou depois, e por aí vai. Colocar restrições e exigências para que os países de terceiro mundo deixem de ser uma FEIRA DE DOMINGO de jogadores, onde tudo que os europeus precisam fazer é chegar, pagar e botar na sacola? Isso não precisa (a analogia também faz sentido porque certos atletas que europeiam tratam a bola como se ela fosse uma melancia. Mas divago).

A FIFA tá precisando urgentemente de sexo. E não vai conseguir nada com a UEFA, aquela loira arrogante que só dá pra quem tiver pedigree. Então das duas uma: ou tira o atraso com a alguma outra confederação (a AFC, de preferência, a FIFA tem bem o jeitinho de quem tem tara por olhinhos puxados), ou dentro do campo a coisa vai ficar cada vez mais fodida.

25 de set. de 2009

Erros e roubos

Está cada vez mais difícil assistir futebol sem pensar em teorias da conspiração beneficiando um time ou prejudicando outro - principalmente no Brasil. O fato de hoje haver dezenas de câmeras filmando tudo o que acontece por todos os ângulos possíveis ajudou os espectadores a perceber o quanto os árbitros erram. Todos sabem, errar é humano. O problema é que, algumas vezes, os erros são sistemáticos e para um lado só - o que faz o torcedor desconfiar. No Brasil, exemplos não faltam, desde a máfia das loterias, em 1982, até a máfia do apito, em 2005, o que só aumenta a desconfiança por parte de muitos torcedores - neste ano, principalmente os do Botafogo.

Como os erros estão cada vez maiores e mais constantes, fica mais difícil dizer se houve erro ou roubo. No caso a seguir, acontecido no jogo Paraná x Ceará, pela 2ª divisão do Campeonato Brasileiro deste ano, não tenho dúvidas em dizer que houve apenas um erro - um erro grotesco, mas um erro.



Afinal, se é para roubar para um time, tem jeitos bem mais fáceis de fazê-lo; basta inverter faltas no meio de campo, dar cartões amarelos demais para um time e de menos para outro, etc., que a coisa anda e quase que naturalmente o time que se quer ajudar acaba ganhando - exatamente o que aconteceu em 2005.

Agora, tem o roubo cara dura, que consiste da mistura desses dois casos aí de cima - erros grotescos E variados. Um exemplo disso aconteceu no ano passado, pelo Campeonato Paranaense, e constitui de um dos maiores roubos que eu já vi em um jogo:



E aí, vocês lembram de outros erros tão bizarros assim?

21 de ago. de 2009

Convocação do Brasil

GOLEIROS
Julio César (Inter de Milão )
Porque se tudo mais falhar, JC salva.
Victor (Grêmio)
É a única construção humana que pode ser vista da lua.

LATERAIS
Daniel Alves
(Barcelona)
Alguém precisa ter cara de mau nesse time.
André Santos (Fenerbahçe)
Convocado pelo gols na final da Copa. Do Brasil, mas ainda assim uma Copa.
Maicon (Inter de Milão)
Correrá na frente do ônibus da delegação, puxando o dito-cujo com uma corda.
Filipe Luís (La Coruña)
Sabem aquele filme cult, que ninguém conhece, e o sujeito diz que assistiu só pra parecer inteligente? Pois é.

ZAGUEIROS
Lúcio (Inter de Milão)
LÚCIO ESMAGA!
Juan (Roma)
Inteligente, discreto e eficiente. Nem parece que foi revelado no Flamengo.
Luisão (Benfica)
Futebol inversamente proporcional ao efeito dado ao seu nome pelo sufixo do apelido.
Miranda (São Paulo)
Zagueiro com nome de mulher = FAIL.

MEIAS
Felipe Melo
(Juventus)
Agora que ta na Juve, sua convocação é aceitável.
Elano (Galatasaray)
Aplicação prática de todas as leis de Murphy existentes.
GIlberto Silva (Panathinaikos)
Tragédia grega.
Josué (Wolfsburg)
Sua convocação é tão incompreensível quanto o nome do clube no qual joga.
Julio Baptista (Roma)
Ruim, não serve pra função de ARROMAR o time.
Kaká (Real Madrid)
Porque se faltar futebol contra a Argentina, o sacrifício de virgens pode vir a dar resultado.
Lucas (Liverpool)
Convocado como meio-campista, na verdade é um TODO-campista.
Ramires (Benfica)
Ao contrário do que indica o nome do seu clube, ele não fica bem no time.

ATACANTES
Robinho
(Manchester City)
"O maior truque do diabo foi convencer o mundo que ele não existia".
Adriano (Flamengo)
Alguém tem que levar os criminosos pra brigar contra as barra-bravas argentinas...
Luis Fabiano (Sevilla)
Brigador, raçudo, inteligente, decisivo. Não me surpreenderia se ele tivesse 3 testículos.
Nilmar (Villarreal)
Surpreendentemente, é o segundo com mais culhões do ataque.

20 de ago. de 2009

Caiu na rede, é gol, e não peixe

De curiosidade histórica, a dificuldade do Grêmio em vencer na Vila Belmiro passou a lei da natureza, tão clara e intensa quanto a gravidade ou o capitalismo. Nesse ano então, onde nos jogos fora de casa a equipe tricolor se abstém de qualquer coisa relacionada ao futebol, esperar uma vitória na casa do Santos seria a prova de que lá em cima Deus assiste televisão com uma camiseta do Portaluppi. O que, claro, não aconteceu. A medíocre equipe do Peixe corria alucinadamente em direção à derrota, mas o Grêmio puxava todo mundo de volta. No final das contas, em um cruzamento cinenatográfico de George Lucas (risos), um cabeça de bagre testou a pequena no canto, e a coisa ficou nisso. Um partida tão sonolenta e medíocre que a transmissão do VT deve ser proibida pela convenção de Genebra.

Menos mal que no Beira-Rio a coisa seguiu pelo mesmo caminho, com o sport club padecendo vergonhosamente frente a um Corinthians desmembrado. Deve-se levar em conta, também, que o destino, em mais uma de suas traquinagens, fez com que os dois gols do time paulista fossem ilegais. Ao lembrar do Fernando Carvalho e toda aquela historinha do dossiê com erros de arbitragem, na final da Copa do Brasil, não dá pra ignorar a ironia do esporte.

Ou talvez seja apenas o "efeito Mano Menezes" pra cima dos colorados.

12 de ago. de 2009

Estônia 0 x 1 Brasil

O momento emblemático da partida deu-se no quadragésimo segundo minuto do primeiro tempo: após algum jogador da seleção canarinho levar um tranco estoniano, os brasileiros frutinhas pipocaram na direção do juiz reclamando que a seleção da casa estava batendo muito (a exceção era Lúcio que, no momento supracitado, fazia supino usando uma das goleiras). Deu pra ver que todos os amarelinhos encaravam os noventa minutos de forma protocolar, como se estivessem em campo para carimbar documentos o tempo todo. E esse foi o tom da partida, com um limitado Brasil sequer se esforçando para parecer um time e a Estônia, embora esforçada, sequer parecendo algo além de pessoas usando roupas iguais.

A chatice absoluta reinou no primeiro tempo. Um edital jurídico tem mais emoção do que aqueles quarenta e cinco minutos de algo que não é futebol, e não é nem parecido com futebol, e o primero que se referir aquilo como "futebol" deve ser impiedosamente excomungado. A Estônia até deu um chute aqui e ali, mas nada que fizesse a equipe brasileira baixar de DEFCON 5, e era mais legal ficar prestando atenção para ver quais dos jogadores anfitriões tinham nomes que funcionariam como onomatopéias (por exemplo: Jääger, Vunk e Purje). Mas essa linha de ônibus que é o acaso, pois chega quando ninguém espera e vive cobrando mais, sorriu para o escroto escrete brasileiro: Robinho falhou miseravalmente na tentativa de lançar Kaká, O Merengue, e o beque da Estônia chutou a pelota com a vontade de um funcionário público. Ela ricocheteou no camisa 10 canarinho e sobrou limpa para Luís Fabiano, O Indomável, acariciá-la até o fundo das redes. Um a zero para os filhinhos de Dunga.

Com uma inveja absurda do nível de adrenalina do primeiro tempo, o segundo tempo resolveu ser ainda menos emocionante - os únicos momentos que a torcida se manifestou com mais veemência foram nas substituições, e apenas porque algo de diferente ocorria em campo. Entretanto, o tédio foi tamanho que o próprio destino encarregou de apimentar um pouco mais as coisas, incorrendo em duas boas confusões no final: uma envolvendo Luisão e o goleiro adversário e outra com participação do Daniel Alves, que acabou fazendo com que um estoniano fosse expulso. Com exceção da entrada de Nilmar (e só mesmo neste mundo absurdo, composto 70% de água e onde a falta do líquido é um problema grave, o Nilmar é reserva do Robinho), as mexidas do técnico brasileiro não adiantaram de porra nenhuma.

O que não é surpresa, visto que as alternativas tinham nomes como Elano, Júlio Baptista, Diego Tardelli e chocarrices do gênero. Não entendo como o Kaká não desaba em lágrimas toda vez que procura alguém pra passar a bola. Porque a situação da seleção brasileira, assim como a do Brasil, é triste.

7 de ago. de 2009

Editorial da Folha de São Paulo

Bola perdida
Presidente da CBF muda discurso e afirma que estádios para Copa de 2014 vão precisar de verbas do setor público

Como não era difícil de prever, recursos públicos serão consumidos na construção e reforma de estádios para as partidas da Copa do Mundo de 2014.
A versão de que a iniciativa privada estaria à frente desses investimentos foi afastada por seu principal divulgador, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira.
O dirigente, que preside a entidade há duas décadas, reiterou em diversas oportunidades -entre as quais num artigo publicado em 2008 por esta Folha- que o modelo previsto para o evento teria "viés predominantemente privado".
Caberia ao setor público, na proposta anteriormente apresentada pela CBF, investir apenas naquilo que é de sua competência -infraestrutura, aeroportos, transportes etc.
Agora, em entrevista a alguns dos principais jornais do país, Teixeira diz o que a experiência e o bom senso davam como certo: será inevitável o desembolso de verbas governamentais para modernizar antigas arenas esportivas e construir duas novas.
Não se sabe como os custos serão divididos.
O total, por ora, é estimado em R$ 3 bilhões.
Mas basta lembrar o descalabro em que se transformaram as contas dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para observar com cautela cálculos dessa natureza.
Paixão nacional, o futebol tem servido no Brasil a interesses políticos e continua a abrigar um sem número de irregularidades, como lavagem de dinheiro, caixa dois, evasão fiscal, enriquecimento ilícito e corrupção.
Não é necessário um exame mais aprofundado para perceber que as bases sobre as quais se organiza esse esporte no país estão em ruínas.
Tivessem os clubes estatuto de empresas, e não contassem com o deplorável beneplácito das autoridades, já estariam legalmente falidos em sua quase totalidade.
Em grande parte apegados a rotinas amadorísticas e patrimonialistas, sempre a contar com a leniência e a cooperação de políticos municipais, estaduais e federais, os dirigentes brasileiros não se prepararam para as mudanças ocorridas nas últimas décadas, quando se aprofundou o processo de globalização.
A consolidação do esporte como peça da indústria internacional de entretenimento deixou o Brasil em vexatória posição periférica.
O quadro, que já era de atraso, tornou-se insustentável.
Quando assumiu a Presidência da República, o torcedor Luiz Inácio Lula da Silva alimentou esperanças de que mobilizaria instrumentos governamentais para tentar superar a situação.
Não foi o que aconteceu.
O governo Lula frustrou as expectativas mais sensatas e progressistas do setor ao reincidir na velha prática de conceder benefícios públicos a clubes e entidades sem exigir contrapartidas que pudessem induzi-los a um regime de gestão mais responsável e transparente.
Esse histórico só faz aumentar as apreensões acerca de como será conduzida a organização da Copa no Brasil.

6 de ago. de 2009

Reviravolta

Enquanto assistia o primeiro tempo de Goiás x Flamengo, jogo valendo a segunda posição da tabela (sim, chegamos em um ponto onde a segunda posição da tabela é feito digno de comemoração. Mas essa é outra história), não pude deixar de ser tomado por uma certa melancolia: a partida entre dois aspirantes ao título do principal torneio nacional era chata, enfadonha, sem grandes lances ou momentos arrepiantes. Era quase como ver um embate dentro de um tribunal, mas não aqueles tribunais de cinema, com discursos cativantes e sacadas de última hora, e sim um tribunal abarrotado de papéis escritos em jurisdiquês. Foi algo quase doloroso.

Tanto é que, no intervalo, desisti da partida. Quanta ingenuidade. Como eu fui esquecer que, por pior que seja o inverno, sempre tem um segundo tempo pra esmagar a lógica com um martelo de esmoção?

1 de ago. de 2009

Manuscritos

On the morning of England’s game with Brazil, the cover of the Daily Mirror showed only the flag of St. George—England’s official flag—and the caption “This page is cancelled. Nothing else matters.” It is not unpleasant to live, if only for a moment, in a world where this kind of sentiment is permissible.

Trecho de um artigo inspirado que Nick Hornby escreveu pra revista New Yorker sobre Copa do Mundo, globalização do esporte, o sentimento dos torcedores, as ironias dos torneios e as coincidências quase inacreditáveis que ajudam a fazer do futebol a maior criação de toda a história da humanidade.

Apenas em inglês, infelizmente. Entretanto, pra ver como o cara tem a técnica de um Hagi pra falar sobre futebol, recomendo fortemente dar uma olhada no livro Febre de Bola. É impossível não ler a obra de cabo a rabo e, ao final, ficar com a impressão de que estava olhando para um espelho esse tempo todo.

24 de jul. de 2009

Nenhum sentido

Naquela que talvez é a punição mais irrelevante da história dos esportes, a Major League Soccer decidiu multar David Beckham em mil dólares por desafiar alguns fãs do L.A. Galaxy para uma briga, durante jogo da semana passada.

Pra registro, mil dólares pra David Beckham é como catorze centavos para o resto dos jogadores do seu time.

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Tradução de parte dessa matéria. E eu que achava a CBF ridícula...

22 de jul. de 2009

South american way

Por Arnaldo Branco

O Henfil publicou um quadrinho na Placar durante Copa de 1970 estrelado por um torcedor chato que ficava berrando com os jogadores em todos os jogos. Sua queixa final: “levanta esse troféu direito, Carlos Alberto!”

Nelson Rodrigues também gostava de contar que um dos jornais da época chamou a festa popular pelo tricampeonato de “relativo carnaval”. Assim é o brasileiro, capaz de extrair a desejada derrota de qualquer vitória, não importa quão gloriosa.

Contrariando a expectativa geral, cito futebol aqui para falar de futebol mesmo, sou ainda mais limitado nas metáforas ludopédicas que o nosso presidente. Então: semana passada a conquista da Copa de 1994 fez quinze anos. Foi a senha para circular a versão revisionista que tenta reduzir aquela jornada épica a uma participação covarde e o título a uma tacinha de torneio colegial.

O Brasil passou por sete adversários: as seis seleções da tabela (jogou duas vezes com a Suécia, lembre-se) e a imprensa, que torceu contra abertamente. Uma campanha que tinha duas frentes de ressentimento: a do provincianismo paulista, que não admitia a reserva de Müller e a convocação de Branco e a dos herdeiros do Armando Nogueira, nostálgicos de um futebol-show que só tinha mesmo dado as caras (para apanhar) em uma Copa depois de 1970, a de 82.

Entre as bobagens perpetradas pelo primeiro grupo, o lobby pela entrada do Ronaldão na vaga do Leonardo, nosso lateral-esquerdo suspenso, e a insistência na escalação de nulidades como Palhinha e Viola. Do segundo grupo, basta dizer que ainda ironizam os poucos jornalistas que torceram a favor, dizendo que agiram por patriotada - como se a defesa de um “verdadeiro futebol brasileiro” também não fosse.

É essa mania de botar o modus brasilis em todos os aspectos da nossa vida social. Vivemos a fantasia de que há um jeito brasileiro de se fazer as coisas, um misto de capacidade de improvisação, esperteza e prestidigitação que supera qualquer esquema de organização gringo.

O pragmatismo de Parreira (a propósito, tenho sérias restrições), que supriu como pôde a entressafra de meio-campistas criativos, virou um crime de lesa-pátria para as viúvas do Garrincha ou sei lá que outro símbolo de um tempo em que o futebol não era praticado por velocistas com a explosão muscular de um boxeador.

Não seria tão ruim se essa mentalidade ficasse restrita ao futebol. Mas espraia-se por tudo; achamos que nossa primeiras idéias são geniais e basta, não gostamos de retrabalho. A pretensa criatividade natural do brasileiro é um mito que prejudica seriamente a criatividade em si.

E se você quer garantia de espetáculo, compre ingresso para os Harlem Globetrotters.

Retirado daqui.

20 de jul. de 2009

Pior pro Inter

O Grêmio venceu com dificuldades, impostas mais graças às próprias limitações da equipe do que por mérito do adversário. Mas viu surgir boas novidades (Mário, alguém conhece?), viu a constatação de jogadores já estabelecidos (Victor, Réver, Adílson, Souza), começou a encontrar uma forma própria de jogar - que pode até não ser bonita, mas condiz com o material que o time tem no momento.

Já o colorado perdeu, distanciou-se dos líderes, mas o pior não é isso: o pior é que a derrota não foi forte o suficiente para mudar algo nas imediações do Beira-Rio. Continua o Tite, continua o esquema "Nilmar, faz alguma coisa!", continua a apatia da equipe que, desde a primeira derrota para o Corinthians, parece não ter mais se encontrado. Menos mal que Taison fez uma atuação medíocre - assim, ao menos, sua titularidade incontestável pode ser contestada.

Enfim. Parece que o ano do centenário finalmente alcançou o Inter.

14 de jul. de 2009

De altos e baixos

Convecionou-se chamar de "A Semana da Decisão" aquela onde Grêmio e Inter decidiriam, respectivamente, vaga na final da Libertadores e a Copa do Brasil. Foi quando a imprensa gaúcha lambeu os beiços: os dois grandes clubes do Sul chegando às cabeças de torneios importantes, e com boas chances de realizar "milagres" para superarem seus adversários. As expectativas eram altas, e alcançar o resultado necessário parecia questão de tempo. Não foi.

O Grêmio vinha aos trancos e barrancos. Muitos condicionaram a boa trajetória da equipe na Copa à chave fácil que havia enfrentado. A verdade é que o Grêmio estava desarrumado, acabara de conhecer seu terceiro técnico no ano, e embora tivesse time para vencer o Cruzeiro, a derrota não foi uma absurdo nem teve grandes proporções.

Mas, assim como o tricolor vinha erroneamente sendo apontado como um time fraco com sorte, o colorado vinha erroneamente sendo apontado como a maior equipe de todos os tempos. Um esquadrão imbatível. Nem todos pensavam assim, claro, e muitos torcedores tinham consciência dos problemas do seu time, mas no geral o Inter era o favorito a tudo. E aí toma um dois a zero do Corinthians em São Paulo. E perde pra LDU no Beira-Rio. E depois perde o título no Beira-Rio. E é estuprado pela LDU no Equador. E, finalmente, apanha do lanterna do campeonato brasileiro.

O que aconteceu com o colorado? Teria o time se desmontado psicologicamente? Praga de gremistas? Ou será que, no final das contas, o esquadrão imbatível não passava de marketing?

Ora, a classificação contra o Flamengo veio em um lance isolado. Contra o Coritiba a calça chegou a pesar. O Inter fez sua parte e goleou times pequenos, sim, mas isso não serve como parâmetro de comparação. A humildade ficou tão abandonada quanto a lateral-esquerda do time. Então vieram o Corinthians e a LDU, mais sólidos, mais focados, e fizeram a equipe do Beira-Rio comer grama.

Vejam bem, não seria surpresa nenhuma se o colorado tivesse vencido a Copa do Brasil e a Recopa (que nem vale grande coisa, convenhamos). Entretanto, parece que foi uma surpresa isso NÃO TER acontecido. Botaram o clube lá em cima, como se estivesse apto a vencer uma UCL, e isso apenas tornou a queda ainda maior. Ao invés de títulos, derrotas; ao invés de consagrações, desilusões; ao invés de coroa, crise.

9 de jul. de 2009

Curiosidade

Ano passado, Inter e Estudiantes digladiavam-se em campo para decidir quem seria o campeão da Sulamericana. O colorado se deu melhor, e saiu celebrando como se tivesse transado com a Scarlett Johansson e a Jennifer Connely ao mesmo tempo.

No ano seguinte, mostrando que mantiveram um elenco forte, ambas equipes chegaram para disputar a última fase de algum torneio: o Inter, campeão, foi até a final da Copa do Brasil; o Estudiantes, vice, está na final da Libertadores.

5 de jul. de 2009

"Não vai ficar no chão o FDP"

Quase no final do jogo Inter 2 x 2 Corinthians, o comentarista de arbitragem Godói, tenso com a partida, solta uma pérola. Vejam vocês mesmos:

3 de jul. de 2009

This is the end

Grêmio 2 x 2 Cruzeiro
Gols: Wellington Paulista, 34' e 36' 1°T (Cruzeiro); Réver 9' e Souza 29' 2°T (Grêmio)
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre

Esse seria o momento de dizer que o Grêmio foi valente, e brigão, e que foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar um resultado, mesmo que fosse inalcançável. Porque o Grêmio foi valente, e brigão, e foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar o resultado. Mas só fez isso porque deixou a situação chegar a tal ponto.

Maxi Lopes e Alex Mineiro, na primeira partida, definiram a classificação cruzeirense ao errar dois lances que, de tão fáceis, deveriam levar os jogadores à corte marcial. A raposa astuta não desperdiçou suas chances lá e veio pra Porto Alegre carregando uma boa vantagem nas malas. Precisando do resultado, o Grêmio se inflou de hélio e começou a mandar balão atrás de balão, na esperança que o medíocre Maxi Lopes e o incansável Herrera fizessem alguma coisa com as bolas quadradas que recebiam. Não fizeram. Quem fez foi Kléber, o Gladiador: na linha de fundo, passou por Fábio Santos como um estudante do terceiro ano passando por um da segunda série e cruzou rasteiro, permitindo que Wellington Paulista chutasse a gordinha no meio de todos os zagueiros do mundo. Cruzeiro um a zero. Um MICROÍNFIMOMILIONÉSIMO de segundo depois, a pior linha de impedimento da história do futebol deixou o mesmo WP à vontade para cabecear e marcar um segundo - um adolescente com acesso à pornografia na internet e uma tranca na porta do quarto não teria tanta tranquilidade.

Veio a segunda etapa e agora o tricolor precisava de cinco gols pra se classificar à finalíssima (mais ou menos o número de gols que Maxi Lopes tem na carreira). Ainda desorganizado, mais na vontade do que na técnica, foi indo pra cima, tentando acossar o Cruzeiro, que apesar dos gols não fazia mais do que uma partida mediana. A força de vontade do Grêmio foi tanta que Tcheco cobrou um dos milhares de escanteios da noite e Réver, o Escolhido, saltou alucinado para enfiar a pelota dentro do gol. Faltavam só quatro. Pouco depois Wagner escapou pela esquerda feito uma gazela, em contra-ataque, e teria chegado facilmente ao gol se não tivesse sofrido um golpe de PANCRÁSSIO desferido pelo volante Adílson (até então o melhor gremista no jogo). Vermelho pra ele, e o tricolor com um a menos. Os cruzeirenses poderiam sentar no gramado e jogar Banco Imobiliário se quisessem, e ainda assim sairiam classificados.

Aos 29 o endiabrado Souza acertaria um chute daqueles de apresentar pra família, empatando o jogo, mas o placar não mudou mais. Diversas reclamações sobre um pênalti não marcado em Herrera (e que realmente ocorreu - arbitragem FAIL) quando a partida ainda estava 0 a 0 estão sendo vociferadas aos quatro ventos, só que não foi isso que eliminou a equipe gaúcha. Chances foram criadas, oportunidades apareceram. E os gols que ficaram pelo caminho, que não percorreram sua trajetória natural até o fundo das redes, foram os responsáveis por deixar o Grêmio pelo caminho da competição. Antes de qualquer coisa, falta quem consiga empurrar a bola pra dentro nesse time - a menos, claro, que todos estejam seguindo a famosa filosofia de Parreira, aquela da qual veio o sábio dizer "o gol é apenas um detalhe".

30 de jun. de 2009

Imprensa fdp

A imprensa, de modo geral, adora criar uma polêmica. Porém, ninguém vence a imprensa esportiva. Na ânsia de fazer uma reportagem, de dar uma notícia, de mostrar alguma coisa, sempre tem alguém que acaba exagerando uma declaração para inflamar uma partida - um ato muitas vezes reprovável e até criminoso, pois pode levar a problemas extracampo completamente desnecessários. Quer um exemplo? O vídeo abaixo, no qual o Ronaldo diz que trata as partidas decisivas como mais um jogo qualquer, uma "pelada", no que eu acho que ele está certo; afinal, assim o fator psicológico de nervosismo é deixado de lado. Porém, a notícia é dada quase como uma afronta ao Inter, com direito a um "o clima de guerra nos Pampas já deve estar armado".



Já não chega a bobagem que foi o "dossiê" do Fernando Carvalho? Gente burra sem pauta = reportagens irresponsáveis.

25 de jun. de 2009

Libertadores, Copa do Brasil e o exemplo ianque

O jogo de ontem entre Cruzeiro e Grêmio foi o que se esperava e pode ser resumido na próxima frase: um caminhão de gols perdidos pelo ataque gremista, o Cruzeiro impondo seu melhor futebol em casa, Kléber sendo o pau no cu de sempre e tornando o jogo tão confuso quanto se espera de uma Libertadores e Souza sendo o único jogador gremista de ataque realmente produtivo. Ou seja, o mesmo de sempre. A única coisa inesperada foi o árbrito ter sido substituído no segundo tempo, não por causa da péssima arbitragem, mas por uma lesão muscular.

A meu ver, o jogo mostrou algumas coisas para os dois times:

- Que o Grêmio precisa urgentemente de atacantes que FAÇAM gol, porque a parte da criação de oportunidades está ok há tempos (aliás, eu começaria o próximo jogo com o Herrera e o Maxi Lopes no ataque; caso não dê certo, faria como o Carpegiani no Vitória e colocaria, sei lá, o lateral direito como centroavante);
- Que o Cruzeiro deve manter fora de casa o mesmo ritmo de jogo de quando joga em casa - o que, aliás, só fez uma vez na Libertadores, justamente no seu melhor jogo fora na competição, contra o São Paulo;
- Que dizer que não saber o que é "macaco" em português é de uma inocência que beira o desespero de quem não sabe o que argumentar depois de fazer uma cagada - que vai esquentar, e muito, o jogo de volta, e pode prejudicar o tricolor gaúcho.

Enfim, agora o Grêmio precisa de um 2 a 0 para passar para a final. Está em uma situação muito parecida com a do seu rival, que com esse resultado leva a decisão da Copa do Brasil para os pênaltis. E, se o colorado ainda pode se sagrar campeão, é óbvio que o Grêmio também mantém as chances de seguir em frente na Libertadores. Afinal, 2 a 0 não é um resultado tão impossível assim de se conseguir. Estão aí os EUA na Copa das Confederações para provar isso.

21 de jun. de 2009

Brasil 3 x 0 Itália

O que está acontecendo com o mundo? Não digo tanto pelo resultado de três a zero construído por um Brasil que praticamente estuprou seu adversário, mas sim pelo terceiro gol dos Estados Unidos contra o Egito, que desclassificou a Itália. Todos sabiam que a azurra devia passar para a segunda fase com a pior campanha na bagagem. O que vem a seguir, melancias quadradas?

Em campo, os italianos entraram com sono, sob efeito de calmantes, depois de tomar litros de leite quente, e acredito que na preleção o técnico leu uma historinha de ninar para os jogadores. O time simplesmente mancava no gramado enquanto, do outro lado, o Brasil mantinha sua solidez defensiva e tentava escantear Robinho no ataque para o Cityado não estragar tudo. O filho de jamaicanos Ramires já havia apalpado a trave quando Maicon, o Descontrolado, chutou a bola como se ela fosse uma manga. Mas havia Luís Fabiano no meio do caminho. O centroavante brasileiro arrefeceu a trajetória da pelota com o pé esquerdo, já preparando-se para o chute mascado mas suficientemente certeiro que colocou os comandados de Dunga na frente. Seis minutos depois, Robinho puxou um contra-ataque e passou para Kaká. Evangélico que é, o agora merengue tentou devolver a graça, mas a boa fortuna fez com que a bola ficasse fora do alcance de seu companheiro, sobrando para Luís Fabiano - que apareceu de fora do enquadramento e balançou os barbantes. Mais dois minutos de celebração e DosSENA, fazendo juz à seu sobrenome meio-brasileiro, cortou um cruzamento do inominável como se estivesse atravessando uma rua movimentada e marcou contra. Brasil três a zero.

E foi isso o jogo. Um parágrafo de futebol. O resto da partida seguiu-se apenas como protocolo, já que EUA e Egito jogavam ao mesmo tempo e tal, mas em nenhum momento os azurros entraram na área canarinho com ganas de socar a bola pra dentro do gol. O goleiro Buffon até deu risada quando estava perdendo. E, na boa, esses não são os italianos que eu conheço. Como falei acima, só podem ter entrado drogados.

18 de jun. de 2009

Brasil 3 x 0 USA

Caso o tão amado Bush Jr. ainda estivesse na cadeira de chefe dos Estados Unidos, levar um gol de Robinho e outro de Felipe Melo fatalmente aceleraria o processo do escudo antimísseis. Porque, ao contrário do que acontece na geopolítica, os estadunidenses aceitaram passivamente o domínio brasileiro. E, mostrando que o alto índice de obesidade do país não é à toa, levaram um chocolate.

Logo aos seis minutos de pelada, Maicon cobrou falta e Felipe Melo saiu lá de trás, da Fiorentina, passou sorrateiramente pelos marcadores, subiu sozinho e deixou os canarinhos à frente. Os EUA tentaram devolver o safanão, mas sem mísseis TOMAHAWK eles não são os mesmos - além do mais, a defesa do Brasil estava segura, com Miranda substituindo bem o poupado Juan e Lúcio fazendo a blietzkrieg geral no campo. A solidez brasileira era inversamente proporcional à de sua moeda no mercado. Pra melhorar, os estadunidenses fracassaram miseravelmente na cobrança de um escanteio, permitindo que André Santos surrupiasse a pelota e largasse pra Kaká. O futuro merengue, então, apenas escorou para que um Ramires TUNADO desbravasse o campo a galope, ultrapassando dois DRAGSTERS no percurso. Com apenas um zagueiro à frente, o bólido cruzeirense, temente a Deus e almejando sua vaga no céu, deu a gorduchinha de presente para que Robinho garantisse sua convocação pelo próximo ano. Brasil 2, inimigos do mundo zero.

As equipes voltaram para o segundo tempo com o mesmo esquema de submissão, tal qual um casal onde a mulher é muito mais bonita do que o homem. A torcida nas arquibancadas clamava por Obama, mas o técnico se fez de surdo. Pior pra ele, que viu Maicon, Kaká e Ramires arquitetarem uma tramóia digna de novela no terceiro e mais bonito gol da seleção brasileira. A partir daí, os comandados de Dunga lamberam os beiços e só administraram a vantagem, tocando a bola pra lá e pra cá e botando os americanos no forró. Eles até melhoraram e acertaram a trave, mas as tentativas de estufar a rede foram semelhantes à de implantar democracia no Iraque: FAIL. Agora o Brasil é o primeiro nesse grupo nonsense e pega uma Itália desesperada no domingo. Resta saber se os brasileiros tem culhões para pegar a massa à faca.

15 de jun. de 2009

Brasil 4 x 3 Egito

Enquanto os jogadores do Brasil entravam em campo, Dunga botou uma carne no fogo e umas cervejas na geladeira, pra fazer o clássico churrasco depois do futebolzinho tranquilo de segunda. Isso ficou claro no momento em que a zaga egípcia fervorosamente surrou o ar, aos cinco minutos, deixando Kaká livre pra balançar as redes. Claro, três minutos depois o egípcio Abou Trika flanou por cima de Kléber e largou a pelota na cabeça do carequinha Zidan (calma, não aquele), que testeou com vontade e sem chances para o salvador JC. Mas o gol espírita de Luís Fabiano e a boa intervenção de Juan ali na frente, fazendo 3 a 1, sugeriam que o tento do Egito foi apenas um lance de desatenção. O Brasil controlava a partida e o pagode rolava solto.

Chegamos à segunda etapa, então. Mesmas equipes, tudo igual. Pelo menos aparentemente. Enquanto a seleção canarinho continuava no ilariê, o Egito foi tomado por algum espírito faraônico e resolveu entrar na dança: em menos de dois minutos, Shawky e Zidan marcariam duas vezes em ataques alucinados, igualando a a churrascada. Só que após jogar areia nas juntas do Brasil, os campeões africanos não diminuíram o ritmo e seguiram acossando os filhos de Dunga, que nada faziam a não ser corroborar continuamente a falta de criatividade do treinador.

Eis que no final a equipe canarinho coloca em campo sua principal arma: a sorte. Em um escanteio aleatório, após um bate-rebate, e um chute desesperado, um dos egípcios dá um cotovelaço na bola dentro da área. Pênalti que Kaká, o único com culhões naquela equipe, bateu bem e converteu. E vitória do Brasil. Feia, suada, e não merecida, como tem sido na Era Dunga.

4 de jun. de 2009

Sufoco no Couto

Foi quase. O Inter entrou cauteloso contra o Coritiba, mas é uma linha tênue que separa a cautela da covardia aparente, e isso levou o Coxa a esmiuçar o colorado nos primeiros minutos, embora sem chances claras de gol. Aos poucos a equipe gaúcha foi emparelhando a pelada, mas suas tentavivas de armar contra-ataques fulminantes eram dilaceradas pelo QI de ostra de Taison e peos passes telegrafados de D'Alessandro. Não vamos esquecer, claro, que o Inter tinha o resultado do primeiro jogo a seu favor - portanto, jogava matreiramente com o regulamento sentado ao seu lado e dividindo uma cerveja.

Veio a segunda etapa e o Coritiba lançou-se alucinadamente ao ataque. Pereira quase marcou de cabeça, Marcio Gabriel teve boa chance, escanteios surgiam como RAMEIRAS na Av.Farrapos. Entretanto, tal qual já ocorreu com os melhores de nós, a equipe verde e branca ficou apenas nas preliminares e não conseguiu violar o gol adversário. Logo o colorado equilibrou novamente a pelada, mas as coisas paravam em Taison, até o momento em que este, percebendo ser mais útil em um jóquei do que em um campo de futebol, pediu pra sair. Giuliano, seu substituto, fez juz ao colega e errou uma chance clara. Foi então que Ariel, em um belo RODOPIO, fuzilou Lauro e balançou as redes. Coritiba um a zero.

Bolívar ainda faria o favor de ser expulso, mas a total falta de técnica da equipe paranaense negou-lhes o direito de ir à final. O Inter segurou a pseudo-pressão nos últimos minutos e agora joga contra o Corinthians pra decidir quem vence a Taça Atalho Para a Libertadores. Que percam os dois.

1 de jun. de 2009

In Cruiff we trust

Pênalti mais bem batido da história do mundo:

25 de mai. de 2009

Onde comento sobre a rodada do fim de semana

- O Grêmio foi bem, mas o momento mais lúcido no Olímpico foi quando a torcida vaiou o novo uniforme e seu babador que substituiu a gola;
- Não sei como um jogador do nível do Taison tem feito tantos gols. Quem acabou com a a lei da probabilidade?
- O Atlético legal se deu bem e o Atlético falsificado se deu mal;
- Irá a imprensa esportiva pedir Josiel na seleção?
- O único clássico da rodada não teve nada de clássico;
- O Santos abriu as pernas do Fluminense e socou sem dó o time que tem GRENÁ no uniforme;
- O Inter continua líder, com Náutico em segundo, Santo André em sétimo e Barueri em décimo quinto. Início de campeonato = Além da Imaginação.

21 de mai. de 2009

Vade retro

Lista dos convocados pelo antônimo de técnico Dunga, hoje de tarde:

Goleiros:
Julio César (Internazionale)
Gomes (Tottenham)
Victor (Grêmio)

Laterais:
Maicon (Internazionale)
Daniel Alves (Barcelona)
Kleber (Internacional)
André Santos (Corinthians)

Zagueiros:
Alex (Chelsea)
Juan (Roma)
Lúcio (Bayern de Munique)
Luisão (Benfica)

Meio-campistas:
Anderson (Manchester United)
Gilberto Silva (Panathinaikos)
Josué (Wolfsburg)
Ramires (Cruzeiro)
Elano (Manchester City)
Felipe Melo (Fiorentina)
Júlio Baptista (Roma)
Kaká (Milan)

Atacantes:
Alexandre Pato (Milan)
Luís Fabiano (Sevilla)
Nilmar (Internacional)
Robinho (Manchester City)

Além do nonsense de praxe (Gilberto Silva, Josué, Julio Baptista, Elano, Robinho), e da nova geração de nonsense (Kléber, Felipe Mello), o cara conseguiu tirar os principais jogadores de times que estão no meio de competições importantes e da Copa do Brasil. E não estamos falando apenas de dois jogos pelas eliminatórias, mas sim da emblemática Copa das Confederações, torneio tradicionalíssimo que movimenta multidões (de dólares) a cada ano. Os clubes pagam salários altos pelos seus jogadores, e em troca ficam um mês sem poder aproveitá-los, pois o vácuo que impera na cabeça do treinador canarinho resolveu só agora, em meio a torneios, convocar jogadores que já mereciam presença na seleção há mais tempo.

A coisa ficou mais ou menos assim: durante a temporada européia, Dunga convoca quase que exclusivamente os jogadores que lá atuam, se incomodando com os clubes do velho continente. Quando a temporada acaba e ele finalmente pode convocar os estrangeiros com toda a tranquilidade, o que o cara faz? Deixa eles de lado e convoca os os que atuam no Brasil, se incomodando com os clubes daqui. E, o pior, provavelmente os brasileiros esquentarão o banco durante um mês. O banco de reservas e o banco suíço onde a CBF tem algumas continhas.

Tem como torcer pra uma seleção assim?

20 de mai. de 2009

Do Brasil, a copa

Que coisa triste aquele time do Fluminense. Tira o Thiago Neves, o Conca e o Fred e, somando todo o resto, não dá um NUNES. Meu time de botão faria uma frente legal à equipe tricolor. Vontade os caras até tem, e por alguns minutos a partida contra o Corinthians foi realmente emocionante - pelo menos pras pessoas que, como eu, odeiam o Ronaldo e o Timão e querem ver ambos naufragarem vertiginosamente em direção àquela cama cheia de pregos que é o fracasso. Mas foi vergonhoso assistir, junto com os zagueiros fluminenses, Jorge Henrique irromper sozinho pelo campo, sem uma boa alma que se atracasse no sujeito, e fazer um gol de COXA por cobertura. A grande verdade, no final das contas, é que enquanto a equipe tiver a cor GRENÁ em sua identidade visual, o verde do uniforme será o mais perto de esperança que o Fluminense vai chegar.

No outro jogo que assisti, o Flamengo entregou a batata pra um Inter mediano, onde apenas Wolverine Guiñazu conseguiu ser acima da média. Impressionante como o argentino caça alucinadamente a bola em campo, COMPRESSANDO qualquer coisa que estiver no seu caminho. O gol de Emerson, com assistência de Kléberson, após passe de Íbson (um desavisado acreditaria que o gol era da Suécia), até deu esperança para os Rubro-Negros. No entanto, o mau relacionamento do técnico Cuca com Ying e Yang, natureza, destino, enfim, com a boa fortuna, acabou por sepultar as esperanças flamenguistas: Andrézinho PREDADOR teve seu momento de rainha do baile e acertou uma cobrança de falta quando o trem já estava saindo. Passa o Inter e fica o Flamengo de castigo, pra aprender a não jogar com Juan, a anti-matéria do futebol, e pra aprender a não fazer com que Juan, a anti-matéria do futebol, conquiste a fama de bom jogador.