24 de jul. de 2009

Nenhum sentido

Naquela que talvez é a punição mais irrelevante da história dos esportes, a Major League Soccer decidiu multar David Beckham em mil dólares por desafiar alguns fãs do L.A. Galaxy para uma briga, durante jogo da semana passada.

Pra registro, mil dólares pra David Beckham é como catorze centavos para o resto dos jogadores do seu time.

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Tradução de parte dessa matéria. E eu que achava a CBF ridícula...

22 de jul. de 2009

South american way

Por Arnaldo Branco

O Henfil publicou um quadrinho na Placar durante Copa de 1970 estrelado por um torcedor chato que ficava berrando com os jogadores em todos os jogos. Sua queixa final: “levanta esse troféu direito, Carlos Alberto!”

Nelson Rodrigues também gostava de contar que um dos jornais da época chamou a festa popular pelo tricampeonato de “relativo carnaval”. Assim é o brasileiro, capaz de extrair a desejada derrota de qualquer vitória, não importa quão gloriosa.

Contrariando a expectativa geral, cito futebol aqui para falar de futebol mesmo, sou ainda mais limitado nas metáforas ludopédicas que o nosso presidente. Então: semana passada a conquista da Copa de 1994 fez quinze anos. Foi a senha para circular a versão revisionista que tenta reduzir aquela jornada épica a uma participação covarde e o título a uma tacinha de torneio colegial.

O Brasil passou por sete adversários: as seis seleções da tabela (jogou duas vezes com a Suécia, lembre-se) e a imprensa, que torceu contra abertamente. Uma campanha que tinha duas frentes de ressentimento: a do provincianismo paulista, que não admitia a reserva de Müller e a convocação de Branco e a dos herdeiros do Armando Nogueira, nostálgicos de um futebol-show que só tinha mesmo dado as caras (para apanhar) em uma Copa depois de 1970, a de 82.

Entre as bobagens perpetradas pelo primeiro grupo, o lobby pela entrada do Ronaldão na vaga do Leonardo, nosso lateral-esquerdo suspenso, e a insistência na escalação de nulidades como Palhinha e Viola. Do segundo grupo, basta dizer que ainda ironizam os poucos jornalistas que torceram a favor, dizendo que agiram por patriotada - como se a defesa de um “verdadeiro futebol brasileiro” também não fosse.

É essa mania de botar o modus brasilis em todos os aspectos da nossa vida social. Vivemos a fantasia de que há um jeito brasileiro de se fazer as coisas, um misto de capacidade de improvisação, esperteza e prestidigitação que supera qualquer esquema de organização gringo.

O pragmatismo de Parreira (a propósito, tenho sérias restrições), que supriu como pôde a entressafra de meio-campistas criativos, virou um crime de lesa-pátria para as viúvas do Garrincha ou sei lá que outro símbolo de um tempo em que o futebol não era praticado por velocistas com a explosão muscular de um boxeador.

Não seria tão ruim se essa mentalidade ficasse restrita ao futebol. Mas espraia-se por tudo; achamos que nossa primeiras idéias são geniais e basta, não gostamos de retrabalho. A pretensa criatividade natural do brasileiro é um mito que prejudica seriamente a criatividade em si.

E se você quer garantia de espetáculo, compre ingresso para os Harlem Globetrotters.

Retirado daqui.

20 de jul. de 2009

Pior pro Inter

O Grêmio venceu com dificuldades, impostas mais graças às próprias limitações da equipe do que por mérito do adversário. Mas viu surgir boas novidades (Mário, alguém conhece?), viu a constatação de jogadores já estabelecidos (Victor, Réver, Adílson, Souza), começou a encontrar uma forma própria de jogar - que pode até não ser bonita, mas condiz com o material que o time tem no momento.

Já o colorado perdeu, distanciou-se dos líderes, mas o pior não é isso: o pior é que a derrota não foi forte o suficiente para mudar algo nas imediações do Beira-Rio. Continua o Tite, continua o esquema "Nilmar, faz alguma coisa!", continua a apatia da equipe que, desde a primeira derrota para o Corinthians, parece não ter mais se encontrado. Menos mal que Taison fez uma atuação medíocre - assim, ao menos, sua titularidade incontestável pode ser contestada.

Enfim. Parece que o ano do centenário finalmente alcançou o Inter.

14 de jul. de 2009

De altos e baixos

Convecionou-se chamar de "A Semana da Decisão" aquela onde Grêmio e Inter decidiriam, respectivamente, vaga na final da Libertadores e a Copa do Brasil. Foi quando a imprensa gaúcha lambeu os beiços: os dois grandes clubes do Sul chegando às cabeças de torneios importantes, e com boas chances de realizar "milagres" para superarem seus adversários. As expectativas eram altas, e alcançar o resultado necessário parecia questão de tempo. Não foi.

O Grêmio vinha aos trancos e barrancos. Muitos condicionaram a boa trajetória da equipe na Copa à chave fácil que havia enfrentado. A verdade é que o Grêmio estava desarrumado, acabara de conhecer seu terceiro técnico no ano, e embora tivesse time para vencer o Cruzeiro, a derrota não foi uma absurdo nem teve grandes proporções.

Mas, assim como o tricolor vinha erroneamente sendo apontado como um time fraco com sorte, o colorado vinha erroneamente sendo apontado como a maior equipe de todos os tempos. Um esquadrão imbatível. Nem todos pensavam assim, claro, e muitos torcedores tinham consciência dos problemas do seu time, mas no geral o Inter era o favorito a tudo. E aí toma um dois a zero do Corinthians em São Paulo. E perde pra LDU no Beira-Rio. E depois perde o título no Beira-Rio. E é estuprado pela LDU no Equador. E, finalmente, apanha do lanterna do campeonato brasileiro.

O que aconteceu com o colorado? Teria o time se desmontado psicologicamente? Praga de gremistas? Ou será que, no final das contas, o esquadrão imbatível não passava de marketing?

Ora, a classificação contra o Flamengo veio em um lance isolado. Contra o Coritiba a calça chegou a pesar. O Inter fez sua parte e goleou times pequenos, sim, mas isso não serve como parâmetro de comparação. A humildade ficou tão abandonada quanto a lateral-esquerda do time. Então vieram o Corinthians e a LDU, mais sólidos, mais focados, e fizeram a equipe do Beira-Rio comer grama.

Vejam bem, não seria surpresa nenhuma se o colorado tivesse vencido a Copa do Brasil e a Recopa (que nem vale grande coisa, convenhamos). Entretanto, parece que foi uma surpresa isso NÃO TER acontecido. Botaram o clube lá em cima, como se estivesse apto a vencer uma UCL, e isso apenas tornou a queda ainda maior. Ao invés de títulos, derrotas; ao invés de consagrações, desilusões; ao invés de coroa, crise.

9 de jul. de 2009

Curiosidade

Ano passado, Inter e Estudiantes digladiavam-se em campo para decidir quem seria o campeão da Sulamericana. O colorado se deu melhor, e saiu celebrando como se tivesse transado com a Scarlett Johansson e a Jennifer Connely ao mesmo tempo.

No ano seguinte, mostrando que mantiveram um elenco forte, ambas equipes chegaram para disputar a última fase de algum torneio: o Inter, campeão, foi até a final da Copa do Brasil; o Estudiantes, vice, está na final da Libertadores.

5 de jul. de 2009

"Não vai ficar no chão o FDP"

Quase no final do jogo Inter 2 x 2 Corinthians, o comentarista de arbitragem Godói, tenso com a partida, solta uma pérola. Vejam vocês mesmos:

3 de jul. de 2009

This is the end

Grêmio 2 x 2 Cruzeiro
Gols: Wellington Paulista, 34' e 36' 1°T (Cruzeiro); Réver 9' e Souza 29' 2°T (Grêmio)
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre

Esse seria o momento de dizer que o Grêmio foi valente, e brigão, e que foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar um resultado, mesmo que fosse inalcançável. Porque o Grêmio foi valente, e brigão, e foi pra cima do Cruzeiro e tentou sempre buscar o resultado. Mas só fez isso porque deixou a situação chegar a tal ponto.

Maxi Lopes e Alex Mineiro, na primeira partida, definiram a classificação cruzeirense ao errar dois lances que, de tão fáceis, deveriam levar os jogadores à corte marcial. A raposa astuta não desperdiçou suas chances lá e veio pra Porto Alegre carregando uma boa vantagem nas malas. Precisando do resultado, o Grêmio se inflou de hélio e começou a mandar balão atrás de balão, na esperança que o medíocre Maxi Lopes e o incansável Herrera fizessem alguma coisa com as bolas quadradas que recebiam. Não fizeram. Quem fez foi Kléber, o Gladiador: na linha de fundo, passou por Fábio Santos como um estudante do terceiro ano passando por um da segunda série e cruzou rasteiro, permitindo que Wellington Paulista chutasse a gordinha no meio de todos os zagueiros do mundo. Cruzeiro um a zero. Um MICROÍNFIMOMILIONÉSIMO de segundo depois, a pior linha de impedimento da história do futebol deixou o mesmo WP à vontade para cabecear e marcar um segundo - um adolescente com acesso à pornografia na internet e uma tranca na porta do quarto não teria tanta tranquilidade.

Veio a segunda etapa e agora o tricolor precisava de cinco gols pra se classificar à finalíssima (mais ou menos o número de gols que Maxi Lopes tem na carreira). Ainda desorganizado, mais na vontade do que na técnica, foi indo pra cima, tentando acossar o Cruzeiro, que apesar dos gols não fazia mais do que uma partida mediana. A força de vontade do Grêmio foi tanta que Tcheco cobrou um dos milhares de escanteios da noite e Réver, o Escolhido, saltou alucinado para enfiar a pelota dentro do gol. Faltavam só quatro. Pouco depois Wagner escapou pela esquerda feito uma gazela, em contra-ataque, e teria chegado facilmente ao gol se não tivesse sofrido um golpe de PANCRÁSSIO desferido pelo volante Adílson (até então o melhor gremista no jogo). Vermelho pra ele, e o tricolor com um a menos. Os cruzeirenses poderiam sentar no gramado e jogar Banco Imobiliário se quisessem, e ainda assim sairiam classificados.

Aos 29 o endiabrado Souza acertaria um chute daqueles de apresentar pra família, empatando o jogo, mas o placar não mudou mais. Diversas reclamações sobre um pênalti não marcado em Herrera (e que realmente ocorreu - arbitragem FAIL) quando a partida ainda estava 0 a 0 estão sendo vociferadas aos quatro ventos, só que não foi isso que eliminou a equipe gaúcha. Chances foram criadas, oportunidades apareceram. E os gols que ficaram pelo caminho, que não percorreram sua trajetória natural até o fundo das redes, foram os responsáveis por deixar o Grêmio pelo caminho da competição. Antes de qualquer coisa, falta quem consiga empurrar a bola pra dentro nesse time - a menos, claro, que todos estejam seguindo a famosa filosofia de Parreira, aquela da qual veio o sábio dizer "o gol é apenas um detalhe".