21 de ago. de 2009

Convocação do Brasil

GOLEIROS
Julio César (Inter de Milão )
Porque se tudo mais falhar, JC salva.
Victor (Grêmio)
É a única construção humana que pode ser vista da lua.

LATERAIS
Daniel Alves
(Barcelona)
Alguém precisa ter cara de mau nesse time.
André Santos (Fenerbahçe)
Convocado pelo gols na final da Copa. Do Brasil, mas ainda assim uma Copa.
Maicon (Inter de Milão)
Correrá na frente do ônibus da delegação, puxando o dito-cujo com uma corda.
Filipe Luís (La Coruña)
Sabem aquele filme cult, que ninguém conhece, e o sujeito diz que assistiu só pra parecer inteligente? Pois é.

ZAGUEIROS
Lúcio (Inter de Milão)
LÚCIO ESMAGA!
Juan (Roma)
Inteligente, discreto e eficiente. Nem parece que foi revelado no Flamengo.
Luisão (Benfica)
Futebol inversamente proporcional ao efeito dado ao seu nome pelo sufixo do apelido.
Miranda (São Paulo)
Zagueiro com nome de mulher = FAIL.

MEIAS
Felipe Melo
(Juventus)
Agora que ta na Juve, sua convocação é aceitável.
Elano (Galatasaray)
Aplicação prática de todas as leis de Murphy existentes.
GIlberto Silva (Panathinaikos)
Tragédia grega.
Josué (Wolfsburg)
Sua convocação é tão incompreensível quanto o nome do clube no qual joga.
Julio Baptista (Roma)
Ruim, não serve pra função de ARROMAR o time.
Kaká (Real Madrid)
Porque se faltar futebol contra a Argentina, o sacrifício de virgens pode vir a dar resultado.
Lucas (Liverpool)
Convocado como meio-campista, na verdade é um TODO-campista.
Ramires (Benfica)
Ao contrário do que indica o nome do seu clube, ele não fica bem no time.

ATACANTES
Robinho
(Manchester City)
"O maior truque do diabo foi convencer o mundo que ele não existia".
Adriano (Flamengo)
Alguém tem que levar os criminosos pra brigar contra as barra-bravas argentinas...
Luis Fabiano (Sevilla)
Brigador, raçudo, inteligente, decisivo. Não me surpreenderia se ele tivesse 3 testículos.
Nilmar (Villarreal)
Surpreendentemente, é o segundo com mais culhões do ataque.

20 de ago. de 2009

Caiu na rede, é gol, e não peixe

De curiosidade histórica, a dificuldade do Grêmio em vencer na Vila Belmiro passou a lei da natureza, tão clara e intensa quanto a gravidade ou o capitalismo. Nesse ano então, onde nos jogos fora de casa a equipe tricolor se abstém de qualquer coisa relacionada ao futebol, esperar uma vitória na casa do Santos seria a prova de que lá em cima Deus assiste televisão com uma camiseta do Portaluppi. O que, claro, não aconteceu. A medíocre equipe do Peixe corria alucinadamente em direção à derrota, mas o Grêmio puxava todo mundo de volta. No final das contas, em um cruzamento cinenatográfico de George Lucas (risos), um cabeça de bagre testou a pequena no canto, e a coisa ficou nisso. Um partida tão sonolenta e medíocre que a transmissão do VT deve ser proibida pela convenção de Genebra.

Menos mal que no Beira-Rio a coisa seguiu pelo mesmo caminho, com o sport club padecendo vergonhosamente frente a um Corinthians desmembrado. Deve-se levar em conta, também, que o destino, em mais uma de suas traquinagens, fez com que os dois gols do time paulista fossem ilegais. Ao lembrar do Fernando Carvalho e toda aquela historinha do dossiê com erros de arbitragem, na final da Copa do Brasil, não dá pra ignorar a ironia do esporte.

Ou talvez seja apenas o "efeito Mano Menezes" pra cima dos colorados.

12 de ago. de 2009

Estônia 0 x 1 Brasil

O momento emblemático da partida deu-se no quadragésimo segundo minuto do primeiro tempo: após algum jogador da seleção canarinho levar um tranco estoniano, os brasileiros frutinhas pipocaram na direção do juiz reclamando que a seleção da casa estava batendo muito (a exceção era Lúcio que, no momento supracitado, fazia supino usando uma das goleiras). Deu pra ver que todos os amarelinhos encaravam os noventa minutos de forma protocolar, como se estivessem em campo para carimbar documentos o tempo todo. E esse foi o tom da partida, com um limitado Brasil sequer se esforçando para parecer um time e a Estônia, embora esforçada, sequer parecendo algo além de pessoas usando roupas iguais.

A chatice absoluta reinou no primeiro tempo. Um edital jurídico tem mais emoção do que aqueles quarenta e cinco minutos de algo que não é futebol, e não é nem parecido com futebol, e o primero que se referir aquilo como "futebol" deve ser impiedosamente excomungado. A Estônia até deu um chute aqui e ali, mas nada que fizesse a equipe brasileira baixar de DEFCON 5, e era mais legal ficar prestando atenção para ver quais dos jogadores anfitriões tinham nomes que funcionariam como onomatopéias (por exemplo: Jääger, Vunk e Purje). Mas essa linha de ônibus que é o acaso, pois chega quando ninguém espera e vive cobrando mais, sorriu para o escroto escrete brasileiro: Robinho falhou miseravalmente na tentativa de lançar Kaká, O Merengue, e o beque da Estônia chutou a pelota com a vontade de um funcionário público. Ela ricocheteou no camisa 10 canarinho e sobrou limpa para Luís Fabiano, O Indomável, acariciá-la até o fundo das redes. Um a zero para os filhinhos de Dunga.

Com uma inveja absurda do nível de adrenalina do primeiro tempo, o segundo tempo resolveu ser ainda menos emocionante - os únicos momentos que a torcida se manifestou com mais veemência foram nas substituições, e apenas porque algo de diferente ocorria em campo. Entretanto, o tédio foi tamanho que o próprio destino encarregou de apimentar um pouco mais as coisas, incorrendo em duas boas confusões no final: uma envolvendo Luisão e o goleiro adversário e outra com participação do Daniel Alves, que acabou fazendo com que um estoniano fosse expulso. Com exceção da entrada de Nilmar (e só mesmo neste mundo absurdo, composto 70% de água e onde a falta do líquido é um problema grave, o Nilmar é reserva do Robinho), as mexidas do técnico brasileiro não adiantaram de porra nenhuma.

O que não é surpresa, visto que as alternativas tinham nomes como Elano, Júlio Baptista, Diego Tardelli e chocarrices do gênero. Não entendo como o Kaká não desaba em lágrimas toda vez que procura alguém pra passar a bola. Porque a situação da seleção brasileira, assim como a do Brasil, é triste.

7 de ago. de 2009

Editorial da Folha de São Paulo

Bola perdida
Presidente da CBF muda discurso e afirma que estádios para Copa de 2014 vão precisar de verbas do setor público

Como não era difícil de prever, recursos públicos serão consumidos na construção e reforma de estádios para as partidas da Copa do Mundo de 2014.
A versão de que a iniciativa privada estaria à frente desses investimentos foi afastada por seu principal divulgador, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira.
O dirigente, que preside a entidade há duas décadas, reiterou em diversas oportunidades -entre as quais num artigo publicado em 2008 por esta Folha- que o modelo previsto para o evento teria "viés predominantemente privado".
Caberia ao setor público, na proposta anteriormente apresentada pela CBF, investir apenas naquilo que é de sua competência -infraestrutura, aeroportos, transportes etc.
Agora, em entrevista a alguns dos principais jornais do país, Teixeira diz o que a experiência e o bom senso davam como certo: será inevitável o desembolso de verbas governamentais para modernizar antigas arenas esportivas e construir duas novas.
Não se sabe como os custos serão divididos.
O total, por ora, é estimado em R$ 3 bilhões.
Mas basta lembrar o descalabro em que se transformaram as contas dos Jogos Pan-Americanos de 2007 para observar com cautela cálculos dessa natureza.
Paixão nacional, o futebol tem servido no Brasil a interesses políticos e continua a abrigar um sem número de irregularidades, como lavagem de dinheiro, caixa dois, evasão fiscal, enriquecimento ilícito e corrupção.
Não é necessário um exame mais aprofundado para perceber que as bases sobre as quais se organiza esse esporte no país estão em ruínas.
Tivessem os clubes estatuto de empresas, e não contassem com o deplorável beneplácito das autoridades, já estariam legalmente falidos em sua quase totalidade.
Em grande parte apegados a rotinas amadorísticas e patrimonialistas, sempre a contar com a leniência e a cooperação de políticos municipais, estaduais e federais, os dirigentes brasileiros não se prepararam para as mudanças ocorridas nas últimas décadas, quando se aprofundou o processo de globalização.
A consolidação do esporte como peça da indústria internacional de entretenimento deixou o Brasil em vexatória posição periférica.
O quadro, que já era de atraso, tornou-se insustentável.
Quando assumiu a Presidência da República, o torcedor Luiz Inácio Lula da Silva alimentou esperanças de que mobilizaria instrumentos governamentais para tentar superar a situação.
Não foi o que aconteceu.
O governo Lula frustrou as expectativas mais sensatas e progressistas do setor ao reincidir na velha prática de conceder benefícios públicos a clubes e entidades sem exigir contrapartidas que pudessem induzi-los a um regime de gestão mais responsável e transparente.
Esse histórico só faz aumentar as apreensões acerca de como será conduzida a organização da Copa no Brasil.

6 de ago. de 2009

Reviravolta

Enquanto assistia o primeiro tempo de Goiás x Flamengo, jogo valendo a segunda posição da tabela (sim, chegamos em um ponto onde a segunda posição da tabela é feito digno de comemoração. Mas essa é outra história), não pude deixar de ser tomado por uma certa melancolia: a partida entre dois aspirantes ao título do principal torneio nacional era chata, enfadonha, sem grandes lances ou momentos arrepiantes. Era quase como ver um embate dentro de um tribunal, mas não aqueles tribunais de cinema, com discursos cativantes e sacadas de última hora, e sim um tribunal abarrotado de papéis escritos em jurisdiquês. Foi algo quase doloroso.

Tanto é que, no intervalo, desisti da partida. Quanta ingenuidade. Como eu fui esquecer que, por pior que seja o inverno, sempre tem um segundo tempo pra esmagar a lógica com um martelo de esmoção?

1 de ago. de 2009

Manuscritos

On the morning of England’s game with Brazil, the cover of the Daily Mirror showed only the flag of St. George—England’s official flag—and the caption “This page is cancelled. Nothing else matters.” It is not unpleasant to live, if only for a moment, in a world where this kind of sentiment is permissible.

Trecho de um artigo inspirado que Nick Hornby escreveu pra revista New Yorker sobre Copa do Mundo, globalização do esporte, o sentimento dos torcedores, as ironias dos torneios e as coincidências quase inacreditáveis que ajudam a fazer do futebol a maior criação de toda a história da humanidade.

Apenas em inglês, infelizmente. Entretanto, pra ver como o cara tem a técnica de um Hagi pra falar sobre futebol, recomendo fortemente dar uma olhada no livro Febre de Bola. É impossível não ler a obra de cabo a rabo e, ao final, ficar com a impressão de que estava olhando para um espelho esse tempo todo.