27 de fev. de 2010

Diferenças

Na partida de hoje entre Arsenal x Stoke City, o galês Aaron Ramsey entrou numa dividida espartana e levou a pior: saiu do choque com uma fratura exposta na perna direita. Mostrando uma insuspeitada ética e coerência, a transmissão inglesa não reprisou o lance, não colocou fotógrafos em campo para registrar a agradável cena de um osso rompendo a perna, não deu close no jogador lesionado, e ficou o tempo inteiro enquadrando apenas os outros jogadores da partida (e só o desespero deles já era agoniante). Ou seja, preferiu não chocar seus espectadores com a cena. Escolheu não aproveitar uma imagem desesperadora para aumentar audiência. Em suma, não apelou para o "EI PESSOAL VEJAM AQUI UMA FRATURA EXPOSTA QUE LEGAL MOSTREM AOS SEUS AMIGOS", pois sabe que aquilo é isolado, não faz parte do futebol, e não faz bem para a imagem do esporte.

Já a Globo colocou a imagem da fratura exposta na capa do Globo.com .

24 de fev. de 2010

Inter 2 x 1 Emelec

Por Eu Mesmo

A Libertadores é uma competição diferente de todas as outras. Para vencer uma partida, não é preciso jogar bem ou ter uma verdadeira seleção em campo; aqui, o buraco é mais embaixo. Basicamente, é uma competição que separa os homens dos meninos, que valoriza a garra, a raça e todos os seus sinônimos.

Pois bem, foi exatamente isso que aconteceu no jogo entre Inter e Emelec, no Beira-Rio. Desde antes do início era possível ver uma partida diferente, já que o time equatoriano demorou muito tempo pra entrar em campo (seria medo?). Quando finalmente começou, o que assistimos no primeiro tempo foi um jogo chato, com o time gaúcho muito ansioso e o Emelec muito defensivo, fazendo cera ainda na primeira etapa - com a velha estratégia do cai-cai. O último lance do primeiro tempo refletiu tudo o que acontecera até ali: Giuliano conseguiu cobrar um escanteio para fora, mas sem a bola sequer entrar em campo. Metaforicamente falando, grande exemplo, Giuliano.

O Emelec voltou para o segundo tempo com três atacantes e permaneceu com Mina, que teria grandes chances de receber um Framboesa de Ouro de pior jogador do mundo se tal prêmio existisse. Mesmo com ele em campo, logo no início, após falha imensa da zaga colorada, os equatorianos abriram o placar com Quiróz. O Inter jogava mal, a torcida, que lotava o estádio, estava calada, e o adversário multiplicou por seis mil a periodicidade do cai-cai. Só uma coisa poderia salvar o colorado: raça, garra e todos os seus sinônimos.

Aí Nei, que até então era apenas um lateral direito esforçado que errava todos os cruzamentos, acertou um petardo de fora da área que deixou o torcedor colorado meio vingado por aquele gol do Novo Hamburgo no fim de semana: 1 a 1. Então veio o temporal, as substituições, as entradas violentas, os cruzamentos desesperados para a área, todos os ingredientes de um jogo da Libertadores. Mas faltava um: a redenção dos que buscam o placar. Portanto, depois dos 40 do segundo tempo (porque SEMPRE tem que ser assim), Alecsandro só precisou empurrar a bola para as redes após bela jogada do ataque do Inter: 2 a 1 e festa da torcida, do técnico, dos jogadores, de quem admira a Libertadores e seu roteiro sui generis.

Claro que nem sempre o script é esse. Mas é muito bom quando ele acontece e premia quem buscou a vitória, mesmo não jogando bem. Ainda mais quando é o nosso time.



Por André

O Inter começou a Libertadores da mesma forma que sempre: ridícula. Pegou uma equipe de FUTEBOL PELÉ pela frente e quase deu com os burros na água, mas foi salvo no final por Andrezinho e Walter.

No primeiro tempo, o Emelec não se fez de rogado e se apresentou de forma incisiva, assustando inicialmente o dono da casa. Mas, embora marcando lá na frente e se compactando no meio feito um arquivo do WINRAR, a equipe equatoriana insistia em um ataque PINBALL, onde a bola batia de canela e canela e simplesmente ia pra frente. Ou seja, basicamente, o que eles faziam era correr. Do outro lado, O colorado apostava nos clichês, tentando atacar pelos flancos, mas já dava pra ver que desse mato não ia sair coelho. E ficou nisso.

Aos 3 minutos da segunda etapa, David Quiróz aproveitou que a zaga do Inter assistia o paredão do BBB e tocou a bola na saída de PATO, marcando 1 a 0. Como o Equador é um país pobre, e alegria de pobre dura pouco, quatro minutos depois o lateral Nei acertou um TERREMOTO no ângulo do goleiro Elizaga, empatando a peleja. O que se seguiu então foi uma correria tresloucada de ambos os lados, o Inter errando passes fáceis e desperdiçando chances, o Emelec sendo facilmente desarmado pela lei da Inércia e Física Mecânica, e alguns lances ríspidos que infelizmente não originaram pancadaria alucinada.

Quando o sport club dava sinais de que não tinha criatividade sequer pra vencer um bando de maratonistas, uma jogada rápida no ataque deixou Alecssandro com a faca e o queijo JÁ FATIADO na mão pra marcar. 2 a 1 Inter. Saiu com a vitória, mas a equipe mostrou falhas bizarras de marcação, ligação, posição e até mesmo de ATENÇÃO. Ou se arruma rápido, ou a América vai ficar bem mais longe do que os colorados esperam.

23 de fev. de 2010

Inter na Libertadores

O blog Imparciais fará, neste ano, a cobertura de todos os jogos do Internacional na Taça Libertadores da América. Faremos como em 2007: a cada jogo, dois comentários, um gremista (André) e outro colorado (Eu Mesmo). Ambos totalmente imparciais, claro.

Boa Libertadores a todos, e que vença o melhor!

21 de fev. de 2010

Indiana Jonas

Impressionante como Jonas, o errante, vem mantendo regularidade de boas atuações desde o ano passado. Tá com confiança. Se remexe muito, vai pra cima dos zagueiros, incomoda, e não tem medo de partir alucinado para o ataque.

Quando lembro que todos os esforços de final de ano foram para manter Maxi Lopez, aquela Xuxa desvairada cuja contribuição ao time era COMEDIDA, enquanto Jonas ficava no equivalente futebolístico à DANÇAR COM A VASSOURA em uma reunião dançante, a tristeza assola meu coração. Tudo porque Maxi era considerado BONITÃO e namorava uma famosa.

O futebol caminha a passos homéricos para se tornar refém do marketing. Certa feita, inclusive, um dos diretores do sport club referiu-se ao distintivo (ou escudo) do clube como LOGOMARCA. É um caminho sem volta. Só nos resta sentar, rezar e esperar que algum Portugal x Holanda da vida consiga salvar o esporte da inevitável burocracia.

18 de fev. de 2010

Onde comprovo o fim irrevogável do futebol

Buffon não é um líder da Juventus à toa: além de sua agilidade de GATUNO, possui experiência de sobra pra olhar de solasaio pra gurizada e dizer "continuem se embriagando com o sucesso enquanto eu me preocupo com o futebol". Sim, Gianluigi Buffon carrega consigo as cicatrizes que o futebol lhe proporcionou, desde jogar a segunda divisão até pisar em cima do mundo e dizer "chuuuuuuupa, Zidane" - e dessa forma se tornou não apenas referência da vecchia signora, mas ídolo de italianos e admiradores ao redor do mundo.

Pois o guarda-redes, que conhece o futebol com a mesma forma que uma morena de pernas roliças conhece o caminho até a carteira de um homem, está para ser punido agora. O motivo? Buffon BLASFEMOU em campo, proferindo o nome de Deus em vão.

Vamos esclarecer algumas coisas. Em primeiro lugar, como o primeiro parágrafo deixou claro, pelas defesas MIRABOLANTES que já fez, Buffon também se enquadra na categoria de "Deus". Ou seja, ele tem todo o direito de se referir a seus colegas deuses como se estivessem num barzinho enchendo a cara enquanto discutem pra ver quem vai pegar a Afrodite.

Em segundo lugar, tantas mazelas futebolísticas implorando por atenção aí, e os caras vão logo correr atrás de uma CHOCARRICE dessas? Porque não proibir também outras coisas como o desarme (extremamente desleal, pois seu objetivo é ROUBAR a bola), a cabeçada (é FUTEbol) e só validar gol quando a bola não for muito forte?

Ô Obama, tá olhando pro lado errado, meu filho. Aquelas picuinhas no Irã são pura falácia: ditadura de verdade tá se tornando a federação italiana de futebol.