Por André
Acabou. Depois de uma bela campanha onde enfrentou equipes fortes, o Inter mostrou qualidades indiscutíveis e, mesmo tropeçando eventualmente, chegou ao topo da América. Meus dedos sangram ao escrever estas palavras, mas é impossível não admitir a façanha colorada.
Tal qual escrevi no primeiro texto, o Chivas chegou à final desesperançado. Porque não tem time pra bater o Inter. Ficou claro na primeira partida, e o segundo jogo só corroborou isso - o belo gol dos mexicanos, no final do primeiro tempo, foi mais achado do que camiseta do Grêmio em eventos ao redor do planeta. Os colorados foram superiores, mas, tomados pelo DRAMA, quiseram deixar a coisa mais difícil.
No segundo tempo a vaca foi pro brejo de vez. Sóbis, totalmente fora de ritmo, fez o que devia ser feito e igualou a partida. E coube a LEANDRO DAMIÃO (eu disse LEANDRO DAMIÃO) colocar o Inter na frente, provando que final com time mexicano não faz nenhum sentido mesmo. E se isso por si só já liquidava o Chivas, Giuliano, o melhor jogador dessa Libertadores depois do Verón (porque NINGUÉM NO MUNDO joga mais do que o Verón) fez o seu pra manter a tradição e levou a torcida ao CLÍMAX. Preocupado com a dramaticidade do evento, Araujo descontou na finaleira, mas aí a taça já tinha dono.
Agora está tudo igual no Rio Grande do Sul: duas Libertadores pra cada lado, um mundial pra cada lado. De certa forma, o Inter finalmente se equiparando ao Grêmio após trinta anos vai, no mínimo, fazer com que a direção gremista se mexa pra ganhar alguma coisa de novo. Fica aqui o meu remorso pelo Inter ter vencido e meus sinceros parabéns ao Valter e a todos os colorados que estão lendo isso daqui. Foi merecido.
Vamos ver agora quem será o próximo a largar na frente.
Foto: Jefferson Bernardes/AFP
Por Eu Mesmo
A Libertadores não é fácil. Definitivamente, não é para qualquer um. Os clubes brasileiros sabem desta dificuldade e idolatram a competição exatamente da maneira que ela merece, tal como fosse um jantar romântico com a Penélope Cruz - uma verdadeira conquista. A dificuldade da competição pode ser medida, por exemplo, no número de clubes brasileiros que já a venceram - apenas 8, em 40 anos de torneio. Nos últimos três anos, três brasileiros chegaram à final - Cruzeiro, Fluminense e Grêmio -, e TODOS perderam, com destaque para o tricolor gaúcho, que sofreu a maior diferença de gols em uma final de Libertadores. Por tudo isso, o Inter sabia que, apesar de haver vencido o primeiro jogo, o título, se viesse, provavelmente não viria de forma fácil. E foi o que aconteceu, pelo menos até os 30 minutos do segundo tempo.
Em um primeiro tempo tenso, o Chivas, precisando da vitória, não conseguia passar do meio-campo. Já o colorado, apesar de jogar em casa, exibia um futebol tenso, errando bolas fáceis e não chegando tanto ao gol adversário quanto na primeira partida. E assim foi o primeiro tempo, até que, aos 43 minutos, Bravo fez um belo gol, com aquele voleio que é quase uma bicicleta, e decretou a ida para os pênaltis, pelo menos por enquanto. Tal qual no jogo de ida, o Inter jogava melhor no primeiro tempo, mas tomava um gol no fim da primeira etapa. O problema era que, diferentemente doa partida anterior, nesta as coisas estavam mais complicadas.
É óbvio que no segundo tempo o Inter foi pra cima. Aos 8 minutos, Kléber deixou Rafael Sóbis na cada do gol, mas o goleiro saiu bem e fechou o ângulo do atacante, impedindo o gol. Oito minutos depois, Kléber serviu Sóbis novamente, desta vez num cruzamento milimétrico, e agora ele não desperdiçou. Com o gol, o colorado começou a tomar uma leve pressão do Chivas, que tentava a todo custo mais um gol. Aí Roth tirou Sóbis e colocou Leandro Damião, aos 26. Em quatro minutos, o jogador fez duas coisas dignas de nota: aos 27, deu uma joelhada na testa de tinga, abrindo um Grand Canyon na cabeça do companheiro; e, aos 30, em linda arrancada de 51 metros, deu uma meia-lua no adversário e tocou para as redes na saída do goleiro: era a virada colorada. O Beira-Rio, tenso até então, finalmente soltou o grito de "É campeão". Só faltava o gol de Giuliano, aquele que marcou gols importantíssimos ao longo da Libertadores, e ele veio, na forma de golaço: da entrada da área, driblou dois jogadores e deu um toque sutil por cima do goleiro. Um grand finale para uma atuação de gala do melhor reserva do futebol mundial na atualidade. Ah, o Chivas fez mais um gol também, mas como não valia nada, esse ninguém viu. Ainda sobrou uma leve pancadaria depois do apito final, só para lembrar o público que ali estava rolando um jogo da Libertadores, mas todos os presentes no estádio estavam preocupados demais em comemorar o segundo título do Inter da Taça Libertadores da América, o torneio mais importante do continente.
Ao André e a todos os gremistas que acompanham o blog, um sincero pesar pela escolha de clube mais equivocada da década. Afinal, na primeira década do século XXI, o Internacional venceu seis títulos estaduais, uma Recopa Sul-Americana, uma Copa Sul-Americana, duas Libertadores e um Mundial. Isso sem contar alguns outros títulos internacionais de menor importância (Copa Subaru, Copa Dubai...) e os três vice-campeonatos brasileiros e um na Copa do Brasil. E ainda tem o Campeonato Brasileiro e o Mundial neste ano. Além de ter o mais bem-sucedido plano de sócio-torcedor do Brasil e estar entre os dez clubes com mais sócios NO MUNDO. Por tudo isso, o Inter se consagra nesta década como a melhor equipe do Brasil e uma das melhores do mundo. Em comparação com o Grêmio, tem os mesmos grandes torneios internacionais, com a vantagem de ter uma Sul-Americana, coisa que o rival não tem, e de nunca ter caído para a segunda divisão no Brasil, coisa que o tricolor já alcançou duas vezes.
Definitivamente, a Libertadores não é pra qualquer um.
Um comentário:
"tal como fosse um jantar romântico com a Penélope Cruz" = MAIOR definição.
Pancadaria no final era obrigatória, que bom que essa tradição não foi esquecida.
E dizem que agora vai ser Inter x Inter, mas estão equivocados: vai ser Inter x Nazionale. Porque gremista nenhum torce pra Inter...
Postar um comentário