30 de jul. de 2010

Inter 1 x 0 São Paulo

Por André

Por mais que a FIFA tente tornar o futebol um evento de MOCINHAS, o âmago do esporte não se rende - principalmente na Copa Libertadores, onde um suspiro a mais ou a menos faz toda a diferença. E o São Paulo entrou no Beira-Rio não apenas defensivo, nem sequer buscando o empate, mas sim escondido atrás da SAIA DA VOVÓ. E na Libertadores a covardia cobra seu preço.

Apesar da superioridade colorada, a equipe são paulina mostrou solidez defensiva no primeiro tempo: o Inter dominava a rechonchuda mas não conseguia criar chances claras, e Rogério Ceni, claramente cheirado de RED BULL, dava mais do que conta dos chutes à distância. Com o São Paulo abdicando de atacar e o Inter sem construir nada concreto, a etapa inicial acabou nesse marasmo.

O Inter melhorou para o segundo tempo, embora suas jogadas terminassem em Taison, o corredor totalmente desprovido de neurônios e OLHOS. Mas o colorado mostrava um pouco mais de vontade e sobriedade na hora de ir pra cima - entretanto, parava na ótima atuação de Rogério Ceni ou na falta de competência de sua linha de frente. Daí, sem alternativas visíveis, Roth chamou Giuliano e disse pra ele ligar o MODO ESTUDIANTES. Deu certo: num bate e rebate alucinado na área, o guri dominou a pelota, girou bem e chutou sem chances de defesa para o arqueiro são paulino.
O São Paulo até tentou iniciar uma ofensiva com Fernandinho, mas a produtividade foi risível.

Inter sai na frente, portanto, e com uma vitória merecida. Mas é um resultado perigoso. Qualquer bola perdida, qualquer chute que o Hernanes acerte de fora da área, e a coisa complica bastante - e o colorado mostrou dificuldades na hora de BALANÇAR O CAPIM NO FUNDO DA REDE, embora tenha dominado a partida. Como toda Libertadores, como todo bom esporte VIKING, esta semifinal está pendendo para um lado. Mas ainda longe de ser definida.


Por Eu Mesmo

Vamos recapitular alguns acontecimentos das últimas duas semanas envolvendo Inter e São Paulo: o time gaúcho é o líder isolado do pós-Copa no Brasileiro, com 12 pontos em 12 disputados, enquanto o São Paulo é o último isolado, com 1 ponto; o Inter conseguiu a liberação de três jogadores importantes (Tinga, Renan e Rafael Sobis), enquanto o São Paulo perdeu Washington e trouxe de volta Ricardo Oliveira. Enfim, deu pra ter uma ideia de que o tricolor paulista desejava muito provar no Beira-Rio que ainda é o "amado clube brasileiro".

Mas não conseguiu. E pior: provavelmente fez a sua pior partida no ano. Ou na história da Libertadores. Ou na sua história. Tá, talvez não tenha sido tão ruim assim, pois só perdeu de 1 a 0. Mas acontece que o tricolor foi completamente dominado pelo Inter, que encurralava cada jogador de branco assim que ele tinha a bola e partia para o ataque como o Borat atrás da Pamela Anderson. Para se ter uma ideia, em determinado momento do 1º tempo, o Inter tinha 69% de posse de bola, lembrando a Espanha na Copa do Mundo. Mas, assim como a Fúria, a posse de bola não se convertia em gols - e mal se convertia em chances de gol, que aconteceram poucas na primeira etapa.

A situação mudou no segundo tempo. Nos dez primeiros minutos, o Inter já tinha feito uma blitz estilo II Guerra Mundial, com várias chances perdidas. O jogo continuou como um treino de ataque contra defesa até que Giuliano, que tem tudo para ser o novo Gabiru no Inter (quase não joga e faz os gols salvadores, só falta ser odiado pela torcida), aproveitou uma sobra de bola para virar e colocar no cantinho de Rogério Ceni, para explodir de emoção a torcida colorada. Com o gol, o São Paulo tentou vir pra cima, mas é incrível a falta de qualidade do time. Não sei se o problema é o técnico, são os jogadores ou é alguma mandinga feita por um time baiano; o que importa é que o tricolor paulista, assim como a personagem de Kathy Bates em Louca Obsessão, está com sérios problemas.

Apesar do bom futebol, o Inter não conseguiu garantir a vaga. A vitória foi boa, mas é possível para o São Paulo revertê-la no Morumbi. Só que vai ter que jogar muito mais do que essa bolinha aí pra tirar a vaga do Inter para a final. Ah, e antes que eu me esqueça: Celso Roth é o cara. Pelo menos por mais umas 14 rodadas (que é quando os poderes dele começam a cair...).

26 de jul. de 2010

Brasileirão, 11ª rodada

Nas partidas do sábado, os Atléticos de Minas e de Goiás jogaram fora de casa e se afundaram mais um pouco na tabela, respectivamente empatando com o Avaí e perdendo para o Vasco. Já o Vitória, com a cabeça na quarta-feira, empatou em mais um jogo sem gols na rodada (foram três no total).

No domingo, no clássico dos desesperados pós-Copa, deu Santos. O São Paulo chega à semi-final da Libertadores com um ponto ganho em doze disputados pelo Brasileiro. Haja superação, ainda mais que seu adversário está 100% no pós-Copa, fazendo sua mais nova vítima (o Flamengo) no Beira-Rio e com sete reservas. O Cruzeiro complicou a vida do Grêmio, que está começando a se acostumar com a parte de baixo da tabela e do Silas, que mais uma vez pega no pé da arbitragem. Carpeggiani mostra a que veio com o Atlético-PR, que saiu de vez da zona do rebaixamento e aumentou a crise do Goiás, depois da confusão da última rodada envolvendo briga com jornalistas. Na parte de cima da tabela, o Ceará deixou de vencer o Palmeiras (que não melhorou muito depois que o Felipão assumiu), enquanto houve mais uma vez troca de posições entre líder e vice-líder: o Fluminense empatou e caiu, o Corinthians venceu e subiu. Aliás, foi a última partida de Mano Menezes no Corinthians, já que ele será o novo treinador da Seleção, após a recusa do Muricy (com uma hombridade e respeito à palavra que não se via há muito tempo). Se o Timão perde ou ganha com a chegada de Adilson Batista, só o tempo dirá. Eu, antecipadamente, acho que perde.

Jogos da 11ª rodada
Sábado, 24 de julho
Grêmio Prudente 0 x 0 Vitória
Vasco 2 x 0 Atlético-GO
Avaí 0 x 0 Atlético-MG

Domingo, 25 de julho
Santos 1 x 0 São Paulo
Cruzeiro 2 x 2 Grêmio
Internacional 1 x 0 Flamengo
Goiás 0 x 2 Atlético-PR
Botafogo 1 x 1 Fluminense
Corinthians 3 x 1 Guarani
Ceará 0 x 0 Palmeiras

23 de jul. de 2010

Brasileirão, 10ª rodada

A ressaca pós-Copa continua, e muitos times estão tendo dificuldades de sair. Os casos mais graves são do Grêmio e do Santos, que estavam na lista dos melhores times do Brasil e ainda não conseguiram vencer depois da Copa. O problema do Grêmio parece maior, pois ele está há duas rodadas na zona do rebaixamento e, no jogo contra o Vasco, culpou a arbitragem, a chuva, o PT, tudo na tentativa de esconder os problemas reais - atitude típica de time em queda. O time deve mudar a postura logo, pois a experiência prova que depois é difícil sair daquela zona. Já o Inter venceu, está no G4 e segue de vento em popa rumo ao confronto contra o São Paulo pela Libertadores, provando que o Celso Roth é um técnico que realmente começa muito bem nas equipes que treina - sugiro demiti-lo assim que o colorado perder duas seguidas. O tricolor paulista, adversário do Inter na Libertadores, segue irreconhecível, e só não perdeu pro Grêmio Prudente (que, aliás, vem fazendo campanha similar ao ano passado) por detalhe. Esta rodada também contou com dois encontros entre times da ponta contra times da parte de baixo da tabela, e estes se deram melhor: o Atlético Paranaense venceu e saiu da zona do rebaixamento (empurrando o outro seu xará mineiro), enquanto o Atlético Goianiense venceu o ex-líder Corinthians, mas continua em último lugar isolado, graças a sua péssima campanha até aqui. Se eu fosse vidente, diria que previ que pelo menos um Atlético cai neste ano. Por último, mas não menos importante, o Fluminense venceu o Cruzeiro e é o novo líder, o que ainda não quer dizer nada - a não ser que o Muricy é sensacional em campeonatos de pontos corridos MESMO.

E agora, quem será o novo técnico da Seleção? O técnico do time líder ou o do vice-líder?

Jogos da 10ª rodada
Quarta-feira, 21 de julho
São Paulo 1 x 1 Grêmio Prudente
Vitória 2 x 2 Goiás
Atlético-MG 1 x 2 Internacional
Flamengo 1 x 1 Avaí
Atlético-GO 3 x 1 Corinthians
Grêmio 1 x 1 Vasco
Atlético-PR 2 x 0 Santos

Quinta-feira, 22 de julho
Fluminense 1 x 0 Cruzeiro
Palmeiras 2 x 2 Botafogo
Guarani 1 x 1 Ceará

20 de jul. de 2010

Brasileirão, 8ª e 9ª rodadas

O Grêmio claramente foi quem mais sentiu a depressão pós-Copa, pois conseguiu um empate CHINFRIM contra o Vitória no Monumental e perdeu pro seu xará Prudente na rodada seguinte, dois resultados tenebrosos. Seu rival, ao contrário, emplacou duas vitórias convincentes contra equipes medíocres, o que, pelas leis do futebol, deixa o Inter em desvantagem na semifinal da Libertadores contra o São Paulo (que perdeu as duas rodadas pós-Copa). Já corinthianos e fluminenses gabam-se de estarem na CRISTA DA ONDA, esquecendo que a tabela do torneio costuma virar após o final do primeiro turno - estes últimos, inclusive, venceram o Santos, que também amargou duas derrotas e mostra ser a geração mais perdedora da história desde o time da minha turma do segundo ano do colégio.

O Ceará se manteve no topo da tabela, assim como o Flamengo, e, em ambos os casos, é uma surpresa. O Palmeiras comemorou mais a chegada do Felipão do que qualquer outra coisa, Vasco e Botafogo continuam agindo como seus próprios estereótipos, e o Cruzeiro vai bem, mas, como sempre, não vai conseguir nada no final. Quando acabar a ressaca da Copa, vamos ver que rumo as coisas vão tomar.

Jogos da 8ª Rodada
Quarta-Feira, 14 de julho
São Paulo 1 x 2 Avaí
Grêmio 1 x 1 Vitória
Atlético PR 0 x 2 Cruzeiro
Flamengo 1 x 0 Botafogo
Ceará 0 x 0 Corinthians
Guarani 0 x 3 Inter
Goiás 0 x 0 Vasco

Quinta-Feira, 15 de julho
Fluminense 1 x 1 Grêmio Prudente
Palmeiras 2 x 1 Santos
Atlético MG 3 x 2 Atlético GO

Jogos 9ª Rodada
Sábado, 17 de julho
Vasco 3 x 1 Atlético PR
Vitória 2 x 1 São Paulo

Domingo, 18 de julho
Corinthians 1 x 0 Atlético MG
Inter 2 x 1 Ceará
Atlético GO 0 x 1 Flamengo
Avaí 4 x 2 Palmeiras
Botafogo 1 x 1 Guarani
Cruzeiro 1 x 0 Goiás
Grêmio Prudente 2 x 0 Grêmio
Santos 0 x 1 Fluminense

13 de jul. de 2010

A Copa do Século

Confesso que tive um pouco de medo da Copa na África do Sul. Não por atentados, nem por falta de estrutura. Foi um temor de que se valorizasse uma ensaiada alegria ao invés dos sentimentos de BATALHA e HONRA que são parte integrante do esporte. Em resumo, fiquei com medo de uma Copa ROBINHO ao invés de uma Copa LÚCIO.

Felizmente meus temores foram devastados. Em 2010, tivemos partidas emocionantes (EUA x Eslováquia, EUA x , Uruguai x Gana), jogos de grande qualidade técnica (os já citados, Camarões x Dinamarca, Alemanha x Inglaterra e Argentina, Espanha x Chile, Uruguai x Alemanha,), jogos mais tensos do que filmes do Shyamalan (Espanha x Holanda, Uruguai x Holanda, Espanha x Paraguai), entre outros que certamente não estou lembrando. Tivemos heróis (Suárez, Forlán, Iniesta, Sneijder), vilões (Felipe Melo, Green, arbitragem), momentos inesquecíveis (a mão na bola do Suárez - citar qualquer outro aqui ao lado seria heresia).

Acima de tudo, foi uma Copa que mexeu com os BRIOS das pessoas, e que ao mesmo tempo apresentou equipes cativantes - não via uma assim desde a competição absoluta em 1994. Mesmo em partidas aparentemente irrelevantes, me peguei torcendo por um dos lados, seja por talento, raça, torcedoras gostosas, o que quer que fosse. Uma pessoa tem que estar morta por dentro pra não comemorar o pênalti na trave de Gyan ou o gol de Donovan que classificou os americanos.

A eliminação do Brasil era previsível há séculos. Muitas e muitas vezes determinadas atitudes do Dunga foram criticadas, e ele as abraçou mesmo assim, e foram justamente essas que eliminaram a seleção. Pra dizer a verdade, com aquele time, acho até que chegar às quartas foi um bom resultado. A grande sensação ficou por conta da Alemanha, que tocou o terror pra cima da Inglaterra e Argentina, um futebol ágil, moderno, dinâmico, e que, como todo futebol moderno, ficou pelo caminho. Mas como era um time de gurizada, deve voltar forte pra 2014.

E o que dizer do campeão? A Espanha, como sempre, chegou com fama de amarelona, que aumentou após aquela partida contra a Suíça. Entretanto, já no texto sobre o jogo, eu avisei que o resultado fora a maior enganação de todos os tempos desde WATERWORLD, mas ninguém me ouviu. E lá se foi a Fúria, sólida, controlando todas as partidas e fazendo apenas o necessário para vencer. Até mesmo a poderosa Alemanha entrou na rodinha de bobo dos espanhóis. Poucos gols no mundial foram mais bonitos que o do Iniesta, na final. E poucas cenas foram mais emocionantes do que ver o capitão Casillas corando copiosamente após ver seu time marcar.

A Copa acabou com um novo campeão e uma trilha de partidas sensacionais atrás dele. Fez jus à toda expectativa que se criou em torno dela. Embora a Jabulani tenha sim atrapalhado, embora a arbitragem tenha sim atrapalhado, embora a publicidade esteja tentando tomar conta do esporte de vez, o que se via em campo eram 22 corações vestindo chuteiras, sem se importar com fair play e sim em fazer o que é certo: tentar de todas as formas possíveis e impossíveis fazer aquela bola balançar as redes.

E isso, senhores, isso é futebol.

Craque da Copa
Diego Forlán (Uruguai)

Seleção da Copa
Casillas; Lahm, Lúcio, Friedrich, Fucile; Schweinsteinger, Iniesta, Sneijder; Forlán, Villa, Suárez.

E o cara de verde no meio ainda come uma mina gostosa pacas.

12 de jul. de 2010

Copa do Mundo - Dia 25

Espanha 1 x 0 Holanda

E a Copa do Mundo da África do Sul chega ao fim. Com ela, uma final de cabaços e o confronto entre as duas equipes que mais jogaram o tal futebol "técnico", aquele que supostamente é a marca registrada do Brasil. Porém, não foi isso que vimos, pelo menos no 1º tempo, quando os dois times ligaram o FELIPE MELO MODE e saíram dando bordoadas a dar com pau, batendo o recorde de cartões amarelos em uma final de Copa já no primeiro tempo. Se o árbitro tivesse expulsado um ou dois jogadores ainda na 1ª etapa, não seria exagero. Para não dizer que só teve pancada, teve uns três lances perigosos nos 45 minutos iniciais, com a Espanha melhor na partida. Chegou o segundo tempo e com ele algum futebol. A Espanha jogava melhor, com seus passes precisos, mas era a Holanda quem tinha a melhor chance do jogo. Aos 16, Robben ficou na cara do gol, mas Casillas fez grande defesa com o pé. A partir daí, começaram a surgir chances claras para as duas equipes, que simplesmente não conseguiam transformá-las em gol: Villa, Puyol, Robben de novo, parecia que as equipes queriam ir para a prorrogação. Se queriam, conseguiram. E, de cara, não é que Fabregas começa perdendo MAIS UM gol? Logo depois, Iniesta entrou livre na área, mas esperou um zagueiro chegar para tirá-lo a bola. A Espanha jogava mais, estava menos cansada, mas não conseguia fazer o tal gol. Parecia que os deuses do futebol queriam dar motivos para a perpetuação do ditado "quem não faz, toma", mas o problema é que nenhum dos dois fazia, e ambos mereciam tomar. No segundo tempo da prorrogação, Heitinga foi expulso depois de evitar que Iniesta entrasse livre para TENTAR marcar o gol. Depois disso, duas cagadas do árbitro, só pra manter a média da arbitragem nesta Copa: Robben deveria ter sido expulso por continuar a jogada após apito de impedimento (ele ouviu o apito SIM, pois só empurrou a bola para frente) e ainda não deu um escanteio que até o Mr. Magoo viu. Para piorar o lado do juiz, na sequência do lance a Espanha chegou ao gol do título, com Iniesta, livre, para evitar os pênaltis.

A Espanha se junta ao seleto clube de vencedores da Copa, a Holanda perde sua terceira decisão e o blog Imparciais, que acompanhou sua primeira Copa do Mundo na íntegra, seguirá acompanhando o Campeonato Brasileiro e a Libertadores com toda a seriedade e compromisso que não lhe é peculiar. Mas antes, ainda traremos as impressões da Copa 2010. Aguarde.

10 de jul. de 2010

Copa do Mundo - Dia 24

Uruguai 2 x 3 Alemanha
Gols: Cavani, 28' 1°T, e Forlán, 5' 2°T (Uruguai); Müller, 19' 1°T, Jansen, 11' e Khedira, 37' 2°T (Alemanha)

Um atentado nuclear terrorista não faria tantos estragos quanto essa partida. Um confronto que seria digno não apenas da final, mas deve figurar em livros de história daqui pra frente. Porque a blietzkrieg alemã encontrou pela frente um Uruguai com SANGUE NUZÓIO. Que jogou de igual pra igual e só saiu atrás porque o goleiro Muslera defendeu um chute de Schweinsteinger como um obstáculo de PINBALL e a pelota sobrou limpa pra Müller marcar no rebote. Mas SCHWAINZA joga no fair play e fez questão de perder a bola pro excelente volante Pérez no meio-de-campo. Daí a bola sobrou pra Suárez, que, como sempre, fez o que tinha que ser feito e deixou Cavani livre na área pra empatar. Foi a deixa pros uruguaios assumirem o controle, e logo no início do segundo tempo Arévalo Rios cruzou para Forlán decretar o fim do universo com um voleio devastador, de fora da área, sem chances para o goleiro Butt (eu sei, eu sei). Uma virada sensacional, heróica, que só não foi mais épica porque seis minutos depois Boateng LEILOOU a bola pra área, Muslera deu um SHORYUKEN no nada, a bola atingiu Jansen e morreu nas redes. O empate não esfriou a partida, que continuou lá e cá, fazendo milhares de cervejas serem consumidas mundo afora. Mas justo aos 37 do segundo tempo Özil cobrou escanteio, a bola ficou se fazendo na área uruguaia e Khedira/Baros aproveitou para cabeceá-la até a tranquilidade das redes. Só que uma partida dessa não simplesmente acaba se consumindo aos poucos, ela explode de uma vez só: aos quarenta e último lance do jogo, falta perigosa a favor do Uruguai. Forlán, o craque do time, o craque da Copa, na bola. Ele espera o apito e chuta. A Jabulani sobrevoa a barreira, rompe o ar. E, como um capricho dos deuses, como uma travessura do destino, arremeteu-se contra o travessão. Alemanha 3, Uruguai 2. Forlán pode até ter ficado temporariamente bravo, decepcionado, mas quando aquela bola atingiu a trave e milhares ao redor do mundo colocaram as mãos no rosto e gritaram "NÃO!", o uruguaio deu a eles tudo aquilo de que o futebol é feito.

Copa do Mundo - Dia 23

Espanha 1 x 0 Alemanha
Gols: Puyol, 28' 2°T (Espanha)

No futebol, existem regras e leis. As regras são as que orientam a prática do esporte, como impedimento, faltas, escanteios, etc. Já as leis são um conjunto de convenções que foram se formando ao longo da história do esporte - uma delas, por exemplo, diz que quando uma equipe entra arrasando outras grandes, essa equipe nunca chega ao título. Não que fizesse muita diferença: contra a Alemanha, a Espanha provou não apenas seu talento, mas principalmente sua irritabilidade. Tocava a bola e fazia os alemães ficarem dando piques pra lá e pra cá atrás dela. Os espanhóis controlaram bem a partida, enquanto os germânicos tiveram seu estilo de jogo quebrado pelo MARASMO espanhol. Müller fez falta, lógico, mas a vitória da Espanha, com um gol de escanteio onde Puyol cabeceou após ser lançado no ar por uma plataforma da NASA, foi mais do que merecida (os chatos até se deram ao luxo de perder um gol feito, quando Pedro ligou o modo CAPITALISMO ABSOLUTO e tentou driblar o zagueiro, quando Torres entrava na área mais livre do que pornografia na internet). E vamos para uma final de cabaços agora.

6 de jul. de 2010

Copa do Mundo - Dia 22

Uruguai 2 x 3 Holanda
Gols: Forlán, 41' 1°T e Maxi Pereira, 47' 2° T (Uruguai); Van Bronckhorst, 18' 1°T, Sneijder, 25' e Robben 28' 2°T( Holanda)

E foi-se embora o time mais cascudo da Copa. Porque o Uruguai chegou quietinho - aliás, quase não chegou, foi na respescagem - e, aliando qualidade, tática e coração (metodologia WILLIAM WALLACE), chegou entre os quatro melhores do torneio. Uma final até seria mais do que justa, pois encarou a Laranja Mecânica de igual pra igual, mas eis que o capitão Van Bronckhorst acertou uma ODISSÉIA NO ESPAÇO no gol uruguaio e botou a Holanda na frente. Forlán ainda empatou no primeiro tempo aproveitando uma alucinação temporário do goleiro Stekelenburg, que na hora da defesa confundiu a bola de futebol com uma de PINGUE-PONGUE e foi com a mão frouxa. No segundo tempo o Uruguai se manteve um pouco atrás, mas tudo se mantinha implacavelmente igual até o craque Sneijder achar um gol fedorento, chorado, que ainda contou com a ajuda de um impedido Van Persie. Aí a casa caiu de vez e os charruas tomaram um gol de cabeça de Robben, que é praticamente um smurf vestindo laranja. Tudo parecia perdido. A fatura liquidade. O download parecia concluído sem erro. Mas eis que aos 47 minutos Maxi Pereira faz um gol e inicia minutos de PRESSÃO DESCONTROLADA em cima da Holanda que, embora tenha se defendido bem, deve estar comprando cuecas novas agora. Uma derrota heróica do Uruguai, uma vitória merecida da Laranja não tão Mecânica, que garantiu seu ingresso pra final, e amanhã descobre se enfrenta uma blitzkrieg ou um touro enfurecido.

5 de jul. de 2010

Copa do Mundo - Dia 21

Argentina 0 x 4 Alemanha
Gols: Müller, 2' 1ºT, Klose, 22' 2ºT e 43' 2ºT e Friedrich, 28' 2ºT

A Argentina vinha se destacando na Copa pela sua equipe ofensiva, que jogava para frente e estava nem aí se corria o risco de levar gol. Já a Alemanha jogava aquele futebol de sempre (com os jogadores acertando quase todos os fundamentos básicos do futebol - passes, cruzamentos, cabeçadas -, coisa que anda meio rara hoje em dia), só que agora com jogadores muito habilidosos, o que dava mais competitividade ainda. Logo a 2 minutos, num cruzamento oriundo de uma falta, os alemães abriram o placar. Aí a Argentina tentou iniciar uma pressão e até chegou com perigo algumas vezes ao gol adversário, mas a verdade é que o primeiro tempo terminou sem que a Alemanha passasse sufoco. Já no segundo tempo, os alemães se defendiam com uns dez jogadores e, quando pegavam a bola, partiam para o contra-ataque com cinco, seis. Uma loucura, o que víamos era uma divisão Panzer em campo. Quanto mais o tempo passava, mais a Argentina se atirava para frente, e mais exposta ficava atrás. Com isso, em vinte minutos, tomaram três gols e agora voltam para casa ouvindo Carlos Gardel. Já os alemães, após meter quatro na Inglaterra e na Argentina e com a eliminação do Brasil, se tornam os grandes favoritos ao título.



Paraguai 0 x 1 Espanha
Gols: Villa, 37' 2ºT

Esta edição da Copa do Mundo tem trazido momentos incríveis. Dois deles aconteceram nesta partida. Mas já chegamos lá. Antes, é preciso dizer que Paraguai e Espanha disputaram um primeiro tempo equilibrado, em que os paraguaios, cientes de que Larissa Riquelme prometera tirar a roupa caso passassem à semi-final, corriam por dois e marcavam muito bem os passes espanhóis. Era possível dizer que os paraguaios jogavam melhor, ao ponto em que perto do fim do 1º tempo tiveram um gol anulado (bem anulado, dependendo da interpretação), enquanto que a Espanha não tinha chegado tanto assim à meta adversária. Aí o segundo tempo começou e, com ele, os tais momentos incríveis: aos 11, Piqué faz pênalti em Cardoso, que cobrou para a defesa de Casillas (mas com invasão de área pelos espanhóis). Dois minutos depois é a vez de Alcaraz derrubar Villa na área. Pênalti para a Espanha! Xabi Alonso bate e faz, mas o juiz manda voltar por invasão de área (a mesma que havia acontecido no pênalti anterior). Ele cobra novamente, o goleiro Villar defende e, no rebote, faz novo pênalti, desta vez não marcado pelo árbitro. Que jogo! Os dois times continuam no ataque, o Paraguai completamente diferente daquele que jogou contra o Japão, e a Espanha tentando não levar o jogo para a prorrogação. Num jogo desses, o gol só sairia chorado, e foi assim mesmo: Pedro chutou, a bola bateu na trave, voltou para Villa, que bateu forte, ela pegou na trave esquerda, depois na direita, e entrou. Gol da Espanha, que agora pega a Alemanha, enquanto o Paraguai chora com o resto do mundo a não-tiração de roupa de Larissa Riquelme.


2 de jul. de 2010

Copa do Mundo - Dia 20

Brasil 1 x 2 Holanda
Gols: Robinho, 10' 1°T (Brasil); Felipe Melo (contra), 8' 2°T e Sneijder, 22' 2° T (Holanda)

Aconteceu o inevitável. Ao longo dos últimos quatro anos, ficou claro que os convocados por Dunga eram limitados, que as opções no banco deixavam a desejar, que Robinho era uma nulidade, e que Felipe Melo eventualmente ia cagar tudo. E foi hoje. O jogo até começou bem, o Brasil em cima, até mesmo uma realidade alternativa se impôs quando Felipe Melo deu um lançamento devastador e Robinho completou com perfeição, fazendo o 1 a 0. Daí o Brasil, com um ou outro espasmo de vida, voltou à sua inércia habitual. E a Holanda não se desesperou. No segundo tempo, os laranjas foram premiados com uma falha grotesca no GPS de Júlio César e Felipe Melo, que se PECHARAM na área e o segundo acabou fazendo contra. Aproveitando que o Brasil encontrava-se em um estado de ressaca de vinho, a Holanda forçou um pouco mais e chegou ao empate com Sneijder em um escanteio maroto. E, como previsto, a seleção canarinho não teve forças para chegar ao empate - mais difícil ainda depois que Felipe Melo deu um FATALITY em Robben e foi expulso. Faltou elenco, faltou técnico, faltou vontade, faltou tudo. Um repeteco de 2006. Não há nada a fazer a não ser aceitar que o Brasil chegou até onde podia chegar. E a Holanda parte feliz da vida, com um dos melhores meias do mundo no seu comando, rumo à GUERRA INTERESTELAR que será a semifinal.


Uruguai 1 (4) x (2) 1 Gana
Gols: Forlán, 10' 2°T (Uruguai); Muntari, 46' 1° T (Gana)

Poucas coisas na história do mundo superaram essa partida em termos de intensidade, emoção e genialidade. Os ganeses saíram na frente com um golzinho furreco, onde a jabulani, aquela filha do coisa-ruim, realizou uma CHICANE e enganou o goleiro Musrela. Na segunda etapa o Uruguai voltou melhor, atacou mais, e Forlán empatou em uma cobrança de falta DANADA. Aí ficou nesse diz-que-me-diz e os charruas mantiveram-se melhor até a prorrogação, quando os oito pulmões dos africanos fizeram a diferença. Foi então, no último minuto de jogo, que aconteceu: falta mal marcada a favor de Gana. Bola na área. O goleiro dá rebote. O atacante ganês, impedido, chuta de DENTRO DA PEQUENA ÁREA e o atacante Suárez salva. Sobra pra outro africano, que cabeceia com convicção. Então Suárez, O Escolhido, Aquele que carrega o sangue de JESUS nas veias, acerta um SHORYUKEN na pelota, impedindo-a de entrar e construindo uma jogada digna de ser SANTIFICADA e que será imortalizada por séculos. O juiz marcou o pênalti e, contrariando o bom senso, expulsou Deus de campo. Suárez saiu cabisbaixo, mas não foi embora: ficou ali para ver Gyan cobrar a infração e demolir a trave, levando a decisão para as penalidades máximas.

Ápice da história da humanidade.

Transtornados até os rins, os africanos bateram duas cobranças de pênaltis com a displicência de quem ATUALIZA UM BLOG, falhando miseravelmente. O Uruguai também errou um, mas foi apenas para dar emoção. Pois El Loco Abreu chegou pra bater a última cobrança, e pegou uma distância continental da bola, e na hora do VAMUVÊ deu uma cavadinha ofensiva, que morreu nas redes. Abreu só não saiu correndo para celebrar porque seus CULHÕES pesavam demais e o impediam de correr. O Uruguai se classificou da forma mais grandiosa possível, da forma mais heróica possível. E agora pega a Holanda totalmente movido a coração. E se passar, provará que ainda há um pouco de alma neste planeta.

1 de jul. de 2010

Que tempo bom, que não volta nunca mais...

Mais um texto para acalmar os ânimos daqueles que aguardam, ansiosos, pelo dia de amanhã, quando a Copa do Mundo volta com tudo. Divirtam-se enquanto a seleção para quem torcem ainda não foi eliminada!

Quantas vezes a gente escuta - e alguns de nós até mesmo falam - que antigamente é que se jogava bom futebol, não hoje, com esse monte de perna-de-pau? Que hoje não temos jogadores como, por exemplo, os craques da Copa de 70, aqueles sim merecedores do título que conquistaram? Pois bem, por mais que o ser humano tenha a irritante mania de comparar negativamente a época atual com a de hoje (e isso não ocorre só no futebol), é importante relativizar um pouco essa afirmação, tão banal em época de Copa do Mundo - e com uma seleção brasileira teoricamente sem brilho.

Em primeiro lugar, é fácil falar de uma época que, para se ter acesso, recorre-se normalmente apenas à memória (que é SELETIVA e tende a corroborar nossos próprios argumentos) e a vídeos que mostram SEMPRE os MELHORES momentos. Mais fácil ainda é falar de uma época que SEQUER vivemos ou que não tínhamos idade para compreender da forma como compreendemos hoje, fazendo uma comparação no mínimo desvantajosa.

Sim, o futebol mudou. Ficou mais rápido, mais centrado no preparo físico e na disciplina tática. Porém, nem por isso se tornou essa coisa horrível que muitos bradam por aí. É fácil falar assim quando se pega os melhores momentos de antigamente e se compara com os piores de hoje em dia. Por exemplo, para pegar apenas a Copa do Mundo de 1970, que parece ser o paradigma do "futebol tal qual deveria ser", vamos a algumas informações, retiradas do blog do Mauro Cezar Pereira:

- A Itália, vice-campeã de 70, empatou com a fraca Israel por 0 x 0;
- Bulgária e Marrocos fizeram uma partida que acabou em empate por 1 x 1 e que teve tanta graça quanto Eslovênia e Argélia em 2010;
- A Coreia do Norte foi o saco de pancadas neste ano, né? Pois é, mas mesmo com 16 seleções em 1970 (metade do número atual), havia seleções de doer: o México engavetou 4 x 0 em El Salvador, que terminou a competição sem pontos e com -9 de saldo.

"Ah, mas com a seleção brasileira é diferente", os mais incrédulos devem estar pensando. Pois bem, para provar que nem tudo eram flores nessas priscas eras (assim como nem tudo é horrível hoje em dia), assista os dois vídeos abaixo, duas compilações dos piores momentos da seleção de 70. O primeiro é da copa inteira, e o segundo apenas da final (vejam quanta bola o Rivelino jogou, por exemplo):