12 de ago. de 2009

Estônia 0 x 1 Brasil

O momento emblemático da partida deu-se no quadragésimo segundo minuto do primeiro tempo: após algum jogador da seleção canarinho levar um tranco estoniano, os brasileiros frutinhas pipocaram na direção do juiz reclamando que a seleção da casa estava batendo muito (a exceção era Lúcio que, no momento supracitado, fazia supino usando uma das goleiras). Deu pra ver que todos os amarelinhos encaravam os noventa minutos de forma protocolar, como se estivessem em campo para carimbar documentos o tempo todo. E esse foi o tom da partida, com um limitado Brasil sequer se esforçando para parecer um time e a Estônia, embora esforçada, sequer parecendo algo além de pessoas usando roupas iguais.

A chatice absoluta reinou no primeiro tempo. Um edital jurídico tem mais emoção do que aqueles quarenta e cinco minutos de algo que não é futebol, e não é nem parecido com futebol, e o primero que se referir aquilo como "futebol" deve ser impiedosamente excomungado. A Estônia até deu um chute aqui e ali, mas nada que fizesse a equipe brasileira baixar de DEFCON 5, e era mais legal ficar prestando atenção para ver quais dos jogadores anfitriões tinham nomes que funcionariam como onomatopéias (por exemplo: Jääger, Vunk e Purje). Mas essa linha de ônibus que é o acaso, pois chega quando ninguém espera e vive cobrando mais, sorriu para o escroto escrete brasileiro: Robinho falhou miseravalmente na tentativa de lançar Kaká, O Merengue, e o beque da Estônia chutou a pelota com a vontade de um funcionário público. Ela ricocheteou no camisa 10 canarinho e sobrou limpa para Luís Fabiano, O Indomável, acariciá-la até o fundo das redes. Um a zero para os filhinhos de Dunga.

Com uma inveja absurda do nível de adrenalina do primeiro tempo, o segundo tempo resolveu ser ainda menos emocionante - os únicos momentos que a torcida se manifestou com mais veemência foram nas substituições, e apenas porque algo de diferente ocorria em campo. Entretanto, o tédio foi tamanho que o próprio destino encarregou de apimentar um pouco mais as coisas, incorrendo em duas boas confusões no final: uma envolvendo Luisão e o goleiro adversário e outra com participação do Daniel Alves, que acabou fazendo com que um estoniano fosse expulso. Com exceção da entrada de Nilmar (e só mesmo neste mundo absurdo, composto 70% de água e onde a falta do líquido é um problema grave, o Nilmar é reserva do Robinho), as mexidas do técnico brasileiro não adiantaram de porra nenhuma.

O que não é surpresa, visto que as alternativas tinham nomes como Elano, Júlio Baptista, Diego Tardelli e chocarrices do gênero. Não entendo como o Kaká não desaba em lágrimas toda vez que procura alguém pra passar a bola. Porque a situação da seleção brasileira, assim como a do Brasil, é triste.

Um comentário:

Gustavo Mano disse...

Jornalismo verdade total.