Entretanto, o jogo foi quase assistível se comparado à transmissão da Rede Globo. Vamos levar em conta as seguintes informações relevantes: na altitude fica difícil de respirar, na altitude a bola corre mais rápido, o Brasil estava invicto fazia 19 jogos. Agora imagine um aluno fazendo uma prova dissertativa onde ele precisa falar sobre futebol e só possui essas três informações, ou seja, repete e repete e enrola com elas o máximo possível.
Foi isso que Galvão Bueno e cía fizeram hoje. Sempre que o Brasil errava algum lance, a altitude era a culpada e se iniciava o longo discurso de como é desumano jogar em La Paz. Então vinha à tona a questão da invencibilidade e do belo trabalho que Dunga fazia. Logo, sem motivo nenhum, falava-se do gol impedido do Palermo que salvou a Argentina. Depois, mais alguns golpes de marreta na altitude, e começava tudo de novo.
Tudo mais que foi mencionado pelo Galvão ou seus asseclas é digno de figurar como piada no Zorra Total. Prova de que as transmissões televisivas estão piores do que nunca. Não há espaço para nenhuma informalidade, e tudo é número. Quantos gols, quantos quilômetros, quantas partidas invicto, quantos tabus, quanto dinheiro o sujeito ganha, quantos centímetros a mais ou a menos, quantas assistências, quanto isso, quanto aquilo, quanto mais informação desnecessária, melhor. Há uma busca incessante por absolutamente QUALQUER COISA que possa ser dita aos espectadores - aliás, até mesmo os replays por DEZENOVE ângulos diferentes tornam-se cansativos.
Já que as redes de televisão clamam tanto o futebol como arte, está na hora de pararem de tratar o esporte como se fosse ciência exata.
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